O ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, afirmou em depoimento à Polícia Federal que está sendo chamado de estuprador e que deseja justiça. A CNN teve acesso a 29 minutos em vídeo do interrogatório, realizado em fevereiro deste ano, na sede da PF, em Brasília.
Almeida foi ouvido na condição de investigado em relação a supostos casos de assédio sexual. Uma das denunciantes é a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
“Estão me chamando de estuprador”, disse à delegada responsável pelo caso, visivelmente consternado.
“É um absurdo. Estou chocado, indignado, chateado. Quero justiça”, declarou o ex-ministro, que foi exonerado do cargo após as denúncias se tornarem públicas por meio da organização MeToo, que recebeu os relatos das denunciantes.
O ex-ministro também acusa a MeToo e diz que a entidade “desrespeita a autoridade policial”. “A MeToo não faz verificação de fatos, faz acolhimento. Como podem fazer nota de fulano de tal”, se referindo à nota que foi divulgada confirmando que a organização havia recebido as denúncias.
O ex-ministro foi confrontado com quatro depoimentos de denunciantes, entre eles o da ministra Anielle.
O depoimento completo tem cerca de duas horas e segue sob sigilo, com relatoria do Supremo Tribunal Federal (STF).
O depoimento é considerado uma das últimas etapas da investigação. A PF começou pelos depoimentos das vítimas e, em seguida, colheu os esclarecimentos de Almeida para encerrar o inquérito.
O caso tramita no STF porque os atos atribuídos ao ex-ministro teriam sido cometidos enquanto ele ainda ocupava cargo no primeiro escalão do governo, o que “atrai” a prerrogativa de foro especial.
Almeida foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 6 de setembro, um dia após as denúncias virem a público.