A Venezuela exgiu o retorno de uma menina de dois anos para sua família depois que os Estados Unidos deportaram seus pais e mantiveram a criança sob custódia do governo.
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela acusou na segunda-feira (28) os Estados Unidos de “sequestrar” Maikelys Antonella Espinoza Bernal, dizendo que a criança foi separada da mãe, enquanto embarcava em um voo de deportação de volta para a Venezuela.
O pai da menina, Maiker Espinoza-Escalona, já havia sido deportado pelos Estados Unidos para a Cecot, a notória megaprisão em El Salvador, para onde o governo Trump já enviou pelo menos 137 venezuelanos sob a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798.
“(Os EUA) cometeram mais uma vez o crime extremamente grave de separar famílias e remover uma menor de seu ambiente emocional, particularmente de sua mãe biológica”, disse o governo venezuelano em um comunicado.
O Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) negou ter sequestrado a menina, argumentando que estava tentando protegê-la de seus pais, a quem acusou, sem provas, de fazerem parte do “Tren de Aragua”, uma gangue venezuelana que os Estados Unidos designaram como uma organização terrorista.
O pai acredita que foi acusado de ser membro de gangue porque tem tatuagens, mas nega que elas tenham algo a ver com gangues, de acordo com seu depoimento apresentado ao tribunal no início de março.
Em um comunicado no sábado (26), o DHS disse que a menina foi removida da lista de voos de deportação “para sua segurança e bem-estar”. Ela permanece sob custódia do Escritório de Reassentamento de Refugiados (ORR) e foi colocada com uma família adotiva, ele acrescentou.
A menina é uma das várias crianças afetadas pela repressão imigratória do governo Trump. Na semana passada, três crianças cidadãs dos EUA — incluindo um menino de quatro anos com câncer metastático — foram levadas para Honduras por suas mães não documentadas quando foram deportadas pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE).
O czar da fronteira da Casa Branca, Tom Homan, disse que os Estados Unidos removeram as crianças porque suas mães “solicitaram”, pois preferuam ficar com elas ao invés de deixá-las nos EUA.
Não está claro se a mãe de Maikelys teve a opção de ser deportada com a filha.
Quando solicitado a fornecer mais informações, o DHS encaminhou à CNN a declaração emitida no sábado. A CNN também contatou o Escritório de Reassentamento de Refugiados para solicitar detalhes sobre o caso de Maikelys.
A menina e seus pais entraram nos Estados Unidos em maio de 2024 para buscar asilo, de acordo com um documento judicial apresentado por grupos de defesa legal.
Maiker — que recebeu ordem de deportação em julho passado durante o governo Biden — disse que ela e seu parceiro foram detidos pela imigração, enquanto sua filha foi colocada sob custódia do governo.
Entre outubro e março, o casal teve visitas presenciais semanais com a filha, disse Maiker.
A CNN entrou em contato com seus advogados para obter detalhes sobre sua prisão e ordem de deportação.
Em 29 de março, Maiker foi enviado para uma base naval em Guantánamo, Cuba, para onde o DHS transferiu migrantes, de acordo com documentos judiciais apresentados por seus advogados.
Eles disseram que foi transferido no dia seguinte para a megaprisão Cecot, em El Salvador, embora não tenham fornecido nenhuma evidência concreta para apoiar essa alegação.
A CNN entrou em contato com o governo salvadorenho para obter mais informações sobre este caso, mas ainda não recebeu resposta.
A mãe da menina foi deportada logo depois que Maiker foi enviado para El Salvador. Ela foi forçada a retornar ao país em um voo sem sua filha de dois anos, disse a Venezuela.
A menina foi mantida sob custódia do governo que disse: “Não permitiremos que esta criança seja abusada ou exposta a atividades criminosas que coloquem sua segurança em risco”.