15/04/2025 - 22:45
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Uso de tecnologia pode ser associado a menor risco de demência, diz estudo

Com a primeira geração de pessoas amplamente expostas à tecnologia agora se aproximando da terceira idade, como o uso desses recursos afetou o risco de declínio cognitivo? Essa é a pergunta que pesquisadores de duas universidades do Texas buscaram responder em uma nova meta-análise — uma revisão de estudos anteriores — publicada nesta segunda-feira (14) na revista Nature Human Behavior.

A investigação examina a chamada “hipótese da demência digital”, que sugere que o uso constante de tecnologia ao longo da vida pode aumentar a dependência desses dispositivos e, com o tempo, enfraquecer as habilidades cognitivas.

“Costumamos dizer que um cérebro muito ativo na juventude e na meia-idade é um cérebro mais resiliente na velhice”, afirmou o Dr. Amit Sachdev, diretor médico do departamento de neurologia e oftalmologia da Universidade Estadual de Michigan, que não participou do estudo.

Os autores pesquisaram oito bases de dados por estudos publicados até 2024, e os 57 selecionados para a análise principal incluíam 20 estudos longitudinais — que acompanharam os participantes por cerca de seis anos, em média — e 37 estudos transversais, que avaliam dados de saúde e desfechos em um único momento. A idade média dos adultos no início dos estudos era de 68 anos.

Embora o uso de tecnologia tenha sido geralmente associado a um menor risco de declínio cognitivo, os resultados em relação ao uso de redes sociais foram inconsistentes, segundo os autores.

Nenhum dos 136 estudos revisados no total relatou um aumento no risco de comprometimento cognitivo associado ao uso de tecnologia — uma consistência que é “realmente bastante rara”, afirmou por e-mail o Dr. Michael Scullin, coautor do estudo e professor de psicologia e neurociência na Universidade Baylor.

A pesquisa é “uma meta-análise muito bem organizada e executada de, essencialmente, toda a área nos últimos 18 ou 20 anos”, disse o Dr. Christopher Anderson, chefe da divisão de AVC e doenças cerebrovasculares do Brigham and Women’s Hospital, em Boston. Anderson não participou do estudo.

Mas se você está pensando que os resultados do estudo significam que pode usar tecnologia à vontade, sem preocupação com a saúde do cérebro — calma lá.

“Nossas descobertas não são uma aprovação irrestrita do rolar de tela sem pensar”, afirmou Benge, que também é neuropsicólogo clínico no Comprehensive Memory Center da UT Health Austin. “Elas são, na verdade, um indício de que a geração que criou a internet encontrou formas de obter benefícios líquidos positivos dessas ferramentas para o cérebro.”

E apesar da importância do estudo, ainda há muitas incertezas sobre a relação entre diferentes aspectos do uso da tecnologia e a saúde cerebral.

Uma das limitações do estudo, segundo os especialistas, é a falta de detalhes sobre como as pessoas estavam usando os dispositivos tecnológicos. Isso dificulta saber se os participantes estavam utilizando computadores ou celulares de maneira a realmente estimular o cérebro — ou quais tipos específicos de uso poderiam estar mais associados à proteção cognitiva.

A ausência de informações sobre a quantidade de tempo gasto com tecnologia também impede entender se existe um limite em que o uso passa a ser prejudicial — ou se apenas um pouco já seria suficiente para trazer benefícios cognitivos, apontou Anderson.

Essas perguntas são difíceis de responder “porque o volume de exposições tecnológicas que precisamos considerar é enorme”, disse Sachdev. “Isolar uma única exposição tecnológica e seu efeito é complicado, e medir todo um ecossistema de exposições tecnológicas e… seu efeito agregado também é um desafio.”

Além disso, “o quanto podemos extrapolar desse estudo para gerações futuras ainda é muito incerto, considerando a ubiquidade da tecnologia hoje em dia e o fato de que muitas pessoas estão expostas a ela desde o nascimento”, completou Anderson.

“Quando pensamos no tipo de tecnologia com a qual essa geração teve contato ao longo da vida, era uma época em que era preciso se esforçar para usar a tecnologia”, acrescentou Anderson.

Além disso, os cérebros dessas pessoas já estavam bem desenvolvidos, observou Benge.

O estudo pode dar suporte a uma alternativa à hipótese da demência digital: a teoria da reserva cognitiva. De acordo com a pesquisa, essa teoria “sugere que a exposição a atividades mentais complexas leva a um melhor bem-estar cognitivo na velhice”, mesmo diante de mudanças naturais no cérebro relacionadas ao envelhecimento.

É possível que a tecnologia ajude a reduzir o risco de declínio cognitivo ao nos manter neurologicamente ativos, segundo Sachdev. O uso da tecnologia também pode promover conexões sociais em certas situações — e o isolamento social, por sua vez, está associado a um risco maior de desenvolver demência.

Também é possível que os idosos que usam tecnologia já tenham, naturalmente, cérebros mais ativos e resilientes, o que explicaria seu maior engajamento com esses recursos.

Embora o estudo não traga conclusões específicas sobre as melhores práticas de uso da tecnologia para preservar a saúde cognitiva — justamente por não ter detalhes sobre os hábitos dos participantes —, os especialistas fizeram algumas observações importantes.

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