O UnitedHealth Group, uma das maiores empresas americanas e membro do exclusivo Dow Jones Industrial Average, está desmoronando subitamente.
A crise que envolve a UnitedHealth atingiu um ponto alto esta semana, quando o diretor-executivo Andrew Witty se demitiu abruptamente por “razões pessoais”.
A companhia também abandonou rapidamente as suas orientações financeiras, culpando a subida dos custos médicos.
E depois, o The Wall Street Journal revelou que a UnitedHealth está sob investigação criminal federal por possível fraude no Medicare.
Os acontecimentos deixaram os investidores estupefatos, desencadeando uma dramática perda de confiança. As ações da UnitedHealth (UNH) perderam metade do seu valor – impressionantes US$ 288 bilhões — no espaço de um mês.
É uma reviravolta espetacular para uma das empresas mais poderosas dos Estados Unidos e a maior seguradora de saúde do país.
Os problemas da UnitedHealth surgem quase exatamente seis meses após o assassinato de Brian Thompson, um dos seus principais executivos. O tiroteio descarado de Thompson, em Midtown Manhattan, captou a atenção internacional e fez emergir um profundo ressentimento público em relação ao setor da saúde.
A venda da UnitedHealth ganhou força na quinta-feira, com o relatório do Journal sobre uma investigação criminal federal impactando as ações em mais 13%, deixando-as no caminho certo para a sua pior semana desde 1998, de acordo com os dados da FactSet.
A unidade de fraude de saúde do Departamento de Justiça (DOJ, em inglês) dos EUA está supervisionando uma investigação sobre uma possível fraude do Medicare na UnitedHealth, informou o Journal.
A UnitedHealth respondeu ao relatório publicando uma declaração online que descreveu a reportagem como “profundamente irresponsável”, porque o jornal reconheceu que a natureza exata das potenciais alegações criminais não é clara.
“Não fomos notificados pelo Departamento de Justiça sobre a suposta investigação criminal relatada, sem atribuição oficial, no Wall Street Journal de hoje”, disse a UnitedHealth no comunicado. “Defendemos a integridade do nosso programa Medicare Advantage”.
O DOJ não quis comentar.
Jeffrey Sonnenfeld, fundador do Yale Chief Executive Leadership Institute, afirma que a natureza abrupta da transição do diretor-executivo da UnitedHealth é bastante reveladora.
“O fato do conselho de administração ter agido com esta rapidez significa que, obviamente, perdeu a confiança no diretor-executivo. Deve ser muito mau se eles agiram tão rapidamente”, disse Sonnenfeld. “É espantoso”.
A UnitedHealth descreveu a mudança de CEO como uma decisão que Witty tomou “por razões pessoais” e a empresa disse que ele concordou em servir como conselheiro sênior. Mas Sonnenfeld suspeita que Witty foi forçado a sair.
“As razões pessoais são a humilhação desta implosão”, disse.
A UnitedHealth está recorrendo a um rosto conhecido para limpar a confusão: Stephen Hemsley, o seu antigo diretor-executivo de longa data e atual presidente.
Hemsley elogiou Witty por ter demonstrado “verdadeira integridade e compaixão durante um dos períodos mais difíceis que qualquer empresa poderia suportar”.
No entanto, o novo CEO também deixou claro o seu descontentamento com os tropeços da UnitedHealth.
“A todas as partes interessadas, incluindo empregados e acionistas, estou profundamente desapontado e peço desculpa pelos contratempos de desempenho que encontramos devido a desafios externos e internos”, disse Hemsley durante uma conferência telefônica na terça-feira (13).
