18/04/2025 - 19:34
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Trump tem 90 dias para fechar 150 acordos; mercados apontam receio

O presidente Donald Trump e seus assessores disseram que esse sempre foi o plano: assustar o mundo inteiro ao anunciar tarifas astronômicas, fazer com que os países se sentem à mesa de negociações e — com exceção da China — recuar das barreiras comerciais mais severas enquanto os EUA firmam novos acordos comerciais ao redor do mundo.

Mas a pausa de 90 dias anunciada por Trump sobre suas tarifas “recíprocas” — que na verdade nunca foram recíprocas — dá ao seu governo apenas três meses para concluir acordos comerciais extremamente complexos com dezenas de países que, segundo a administração, estariam interessados em negociar.

Os mercados financeiros não estão comprando essa ideia. As ações oscilaram com grande volatilidade. E outros mercados, como o de petróleo, títulos e o dólar, estão enviando um recado claro de profundo ceticismo quanto à capacidade de Trump concretizar esse plano.

Após mais uma forte queda na última quinta-feira (10), o mercado de ações parecia mais calmo — por ora — e registrou fortes ganhos nesta sexta-feira (11).
O Dow Jones encerrou o dia com alta de 619 pontos, ou 1,56%. O S&P 500 subiu 1,81% e o Nasdaq teve alta de 2,06%. Os mercados foram impulsionados pelas declarações da presidente do Federal Reserve de Boston, Susan Collins, ao Financial Times, afirmando que o banco central interviria para apoiar os mercados financeiros caso surgissem sinais de estresse.

Mas os investidores do mercado acionário têm operado em um cenário altamente instável, e qualquer anúncio do governo Trump sobre tarifas tem potencial para fazer as ações dispararem ou despencarem. Por exemplo, as ações caíram na quinta-feira depois que o governo Trump esclareceu a matemática usada para definir a enorme tarifa de 145% sobre produtos chineses. O mercado acreditava que a tarifa era de 125%. O Dow despencou, chegando a cair mais de 2.000 pontos em determinado momento.

Nos 129 anos de história do índice Dow Jones Industrial Average, ele fechou com variações de pelo menos 1.000 pontos para cima ou para baixo apenas 31 vezes. Quatro dessas vezes aconteceram na última semana.

O S&P 500 caiu pouco mais de 9% na primeira semana de abril, sua maior queda semanal desde março de 2020. Nesta semana, o índice subiu 5,7%, seu maior ganho semanal desde 2023.

Apesar do ganho histórico de quarta-feira após o anúncio de distensão por parte de Trump, as ações continuam bem abaixo dos níveis anteriores à apresentação de seu plano tarifário do “Dia da Libertação”, em 2 de abril.

O mercado de títulos está se comportando de maneira estranha.

Normalmente, espera-se que os preços dos títulos subam em períodos de turbulência. Os títulos do Tesouro dos EUA são historicamente considerados os ativos mais seguros, respaldados pela fé e crédito do governo americano.

Mas os títulos não estão subindo — estão caindo.

Isso ocorre principalmente porque os investidores perderam a confiança na política comercial dos EUA e temem que os próprios americanos possam sair ainda mais prejudicados do que os países que são alvo da política tarifária de Trump. Como disse o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, em sua carta anual aos acionistas na segunda-feira (7), a política “América Primeiro” de Trump corre o risco de alienar os parceiros mais importantes dos EUA e prejudicar a posição especial do país no mundo.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA — que se movem na direção oposta dos preços — chegaram a ultrapassar 4,5% na sexta-feira. No início da semana, estavam abaixo de 4%. Isso representa um movimento gigantesco para o mercado. Rendimentos mais altos podem prejudicar a economia americana, já que muitos empréstimos ao consumidor estão atrelados a essas taxas.

“O aumento das taxas tem sido rápido em termos históricos e não oferece conforto aos investidores que buscam refúgios em mercados turbulentos”, disseram analistas do Citi em relatório na sexta-feira.

Segundo o índice de retorno total da Bloomberg, os títulos do Tesouro dos EUA estavam a caminho de ter a pior semana desde 2019, quando o Federal Reserve de Nova York precisou intervir e comprar títulos para conter um aumento abrupto dos rendimentos causado por falta de liquidez.

“Nas condições atuais do mercado, não há necessidade de intervenção do Fed neste momento, mas os dirigentes provavelmente estão monitorando atentamente o funcionamento do mercado”, disse Chip Hughey, diretor-gerente de renda fixa da Truist Advisory Services.

Dimon disse na sexta-feira, em teleconferência de resultados, que espera um “reboliço” no mercado de títulos que forçaria uma intervenção do Fed.

“Eles não vão fazer isso agora… só quando começarem a entrar em pânico”, afirmou Dimon.

O mercado de petróleo está operando como se estivéssemos entrando em uma recessão.

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