O presidente Donald Trump se reúne nesta segunda-feira (14) com o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, um líder elogiado pelo governo americano por abrir o sistema prisional do país para supostos membros de gangues e detentos que Trump quer que saiam dos Estados Unidos.
O governo do republicano deportou centenas de venezuelanos para El Salvador sob a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, incluindo um morador de Maryland que a administração reconheceu ter deportado por engano.
O presidente americano, que assumiu o cargo em janeiro prometendo reformar a política de imigração dos EUA, encontrou em Bukele um “parceiro” para esse esforço.
Os migrantes que El Salvador aceita de Washington estão alojados em uma prisão de segurança máxima que, segundo críticos, pratica abusos de direitos humanos.
O republicano se encontrará com Bukele às 12h (horário de Brasília) na Casa Branca.
“Acho que ele está fazendo um trabalho fantástico e está resolvendo muitos problemas que temos e que realmente não conseguiríamos resolver em termos de custos”, disse Trump a repórteres no domingo (12) sobre Bukele, referindo-se ao custo de manter os detidos em El Salvador.
O americano continuou afirmando que, “ele [Bukele] tem sido incrível. Temos pessoas muito ruins naquela prisão. Pessoas que nunca deveriam ter sido autorizadas a entrar em nosso país. Assassinos, traficantes de drogas, algumas das piores pessoas do mundo estão naquela prisão. E ele é capaz de fazer isso”.
Questionado se tinha preocupações com as supostas violações de direitos humanos na mega-prisão, Trump disse que não.
“Eu não vejo isso. Eu não vejo isso”, afirmou.
No sábado (12), os Estados Unidos deportaram para El Salvador mais 10 pessoas que alegam serem membros de gangues, declarou o Secretário de Estado Marco Rubio, que chamou a aliança entre Trump e Bukele de “um exemplo de segurança e prosperidade em nosso hemisfério”.
Advogados e familiares dos migrantes detidos em El Salvador afirmam que eles não são membros de gangues e não tiveram oportunidade de contestar a afirmação do governo americano de que eram.
O governo Trump afirma ter examinado os migrantes para garantir que pertencessem ao Tren de Aragua, que classifica como uma organização terrorista.
No mês passado, depois que um juiz decidiu que voos transportando migrantes processados sob a Lei de Inimigos Estrangeiros deveriam retornar aos EUA, Bukele escreveu “Ops… Tarde demais” nas redes sociais, ao lado de imagens mostrando homens sendo retirados de um avião na calada da noite.
O caso de Kilmar Abrego Garcia, morador de Maryland enviado ao chamado Centro de Confinamento de Terroristas de El Salvador em 15 de março, apesar de uma ordem que o protegia da deportação, atraiu atenção especial.
A Suprema Corte dos EUA manteve uma ordem da juíza Paula Xinis instruindo o governo a “facilitar e efetivar” seu retorno, mas afirmou que o termo “efetuar” não era claro e poderia exceder sua autoridade.
Trump falou a repórteres na sexta-feira (11) que seu governo traria o homem de volta se a Suprema Corte assim o determinasse.
No entanto, em um documento judicial no domingo (13), o governo afirmou que não era obrigado a ajudar Abrego Garcia a sair da prisão em El Salvador.