Os escorpiões são os animais peçonhentos com maior número de acidentes notificados no Brasil. No ano de 2023, o Ministério da Saúde notificou 195.645 casos de acidentes envolvendo esses animais. Destes, 152 foram fatais.
O crescimento de casos nas últimas décadas está relacionado a diversos fatores, dentre eles a expansão urbana, a melhor adaptação desses animais à vida nas cidades e às mudanças climáticas.
Todos os escorpiões são peçonhentos, ou seja, produzem toxina e podem injetá-la. Contudo, somente alguns são de interesse médico, que representam riscos à saúde humana. Das mais de 180 espécies de escorpiões existentes no Brasil, apenas quatro são consideradas de interesse médico e podem causar acidentes graves: as espécies do gênero Tityus. São elas:
Caso seja picada, a vítima deve procurar atendimento médico imediato. O soro antiescorpiônico, desenvolvido para tratar o envenenamento causado por esses animais, é disponibilizado exclusivamente nos hospitais de referência do Sistema Único de Saúde (SUS).
Se animais de estimação forem picados, estes também devem ser levados imediatamente ao veterinário mais próximo. Fotos do escorpião ou até a coleta do mesmo em um recipiente seguro podem ajudar os profissionais da saúde a identificar a espécie do aracnídeo causador do acidente.
A inoculação da peçonha dos escorpiões é feita somente pelo ferrão na ponta da cauda, denominado “télson”. A peçonha dos escorpiões do gênero Tityus é neurotóxica. Sua picada causa dor intensa e, em casos graves, o envenenamento pode causar convulsão, coma, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar agudo e choque.
De acordo com Denise Maria Candido, bióloga do laboratório de artópodes do Instituto Butantan, a maior parte dos escorpiões brasileiros perigosos para humanos são animais sinantrópicos, ou seja, se adaptaram a viver no mesmo ambiente que o homem.
Entulho, madeira e materiais de construção acumulados e lixo atraem baratas e outros insetos que compõe a dieta dos escorpiões. Manter quintais e outros ambientes ambientes limpos é uma importante medida para evitar a presença de escorpiões. Denise também alerta para a importância de vedar saídas de tubulações, mesmo em apartamentos. Ralos que possuem fecho também são bons para evitar a entrada desses animais nas casas.
Outra informação importante é que já foi descoberto que o uso de inseticidas é pouco eficiente no combate a escorpiões. Esses animais detectam químicos no ambiente e são capazes de fechar suas aberturas respiratórias, não entrando em contato com o veneno.
Galinhas-d’angola são vastamente usadas em residenciais e propriedades rurais no Brasil para controle de escorpiões e outros animais indesejados.
Pesquisas comprovam que as galinhas são importantes aliadas no combate aos escorpiões. Mas sua eficácia é limitada, isso porque as galinhas tem hábitos diurnos e, os escorpiões, noturnos. Dessa forma, quando as galinhas estão caçando, elas só conseguirão comer os escorpiões que estiverem de “fácil acesso”, não predando aqueles que estiverem escondidos debaixo de pedras, dentro de troncos ou em encanamentos e tubulações. Deve-se lembrar também da importância de preservar predadores nativos do escorpião, como corujas, sapos e lagartos.
Evitar de deixar roupas jogadas no chão e sempre virar os sapatos para baixo e bater antes de calçar ajudam muito a evitar acidentes.