Com a antecipação da estiagem, que tradicionalmente começa a afetar o Brasil a partir de maio, os pecuaristas enfrentam o desafio da redução da oferta de pastagem, o que impacta diretamente o desempenho do rebanho. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), o país se prepara para uma nova temporada de seca em 2025, com 1,9 mil cidades já em situação crítica de estiagem. Diante desse cenário, produtores buscam alternativas sustentáveis para assegurar que o gado continue ganhando peso e carcaça, mesmo em pastagens comprometidas pela falta de chuva.
Uma das soluções adotadas com sucesso é a técnica de terminação intensiva a pasto (TIP), que combina suplementação nutricional estratégica com o manejo eficiente das pastagens. Segundo Bruno Marson, zootecnista e diretor técnico da Connan, a TIP envolve a lotação intensa do gado em áreas de pastagem, oferecendo suplementação concentrada para compensar a baixa qualidade e quantidade de forragem disponível. Além disso, práticas como a divisão dos piquetes, o fornecimento de sombra artificial, acesso constante à água de qualidade e o monitoramento da condição corporal dos animais são fundamentais para o sucesso da estratégia.
A técnica, descrita como um sistema de engorda intensiva “verde-amarelo”, utiliza o capim como volumoso e concentrados proteicos e energéticos para suprir as necessidades nutricionais dos animais. Essa abordagem não apenas mantém o desempenho dos rebanhos, mas também oferece um custo mais baixo quando comparado ao sistema de confinamento tradicional. Com um planejamento bem estruturado, a TIP pode resultar em bons índices produtivos e financeiros, especialmente em períodos críticos como a estiagem.
No entanto, é importante que o pecuarista esteja atento aos aspectos que impactam o acabamento da carcaça, um dos principais fatores para agregar valor ao produto. A TIP acelera o processo de terminação, proporcionando um aporte nutricional maior, com a ração fornecida diretamente no cocho ou no próprio piquete de pastejo. “O período de terminação é crucial, pois antecede o abate e é quando o animal deve atingir o peso ideal e o acabamento de carcaça desejado, garantindo o retorno financeiro do trabalho realizado ao longo do ciclo produtivo”, observa Marson.
Além de melhorar o desempenho dos animais, a técnica proporciona previsibilidade ao pecuarista, que pode elaborar um programa nutricional eficiente tanto durante as águas quanto na seca. Isso permite maior homogeneidade no abate, com a possibilidade de abater diferentes lotes — de cabeceira, meio e fundo — de forma mais coordenada. Com a implementação da TIP, as propriedades podem dobrar ou até triplicar a produtividade, aumentando a lucratividade na pecuária de corte.
Uma das vantagens dessa estratégia é a redução do custo operacional. O animal consome no pasto a mesma quantidade de ração que seria fornecida no confinamento, mas o pasto passa a servir também como fonte de volumoso, o que torna o processo mais eficiente e acessível. O baixo custo operacional e a adaptação fácil tornam a TIP uma opção atraente, especialmente quando comparada ao confinamento tradicional, que exige mais estrutura e recursos.
A Connan, em parceria com a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e a Embrapa Gado de Corte, conduziu estudos que confirmaram os benefícios da técnica. Utilizando o Connan Termina-Fácil, um núcleo completo com minerais, proteínas e aditivos estratégicos, os resultados mostraram um aumento de peso e carcaça, com ganho de 75%. Ou seja, a cada quilograma de peso vivo ganho pelos animais, 750 gramas foram convertidos em carcaça.
Com um manejo simples e o uso de apenas dois insumos — milho moído e Connan Termina-Fácil — a TIP promove um aumento significativo na taxa de lotação da propriedade, eleva a taxa de desfrute e abate, e disponibiliza mais área de pastagem para outras categorias de animais. Dessa forma, a técnica contribui para a maximização da receita líquida por hectare/ano.
“O sistema de terminação intensiva pode ser aplicado em qualquer época do ano, mas durante a estiagem, torna-se uma solução particularmente atraente pela economia que proporciona e pelo ganho de peso e carcaça dos animais”, conclui Marson.