As tarifas de 125% da China contra importados dos Estados Unidos passam a valer a partir deste sábado (12), em uma nova escalada das tensões entre as duas maiores economias do globo.
O país asiático anunciou o aumento das taxas na sexta-feira (11), após a decisão dos EUA de aumentar as “tarifas recíprocas” sobre as importações chinesas para 125%, totalizando 145% com as barreiras de 20% iniciais impostos pelo presidente Donald Trump.
Em anúncio, a Comissão de Tarifas Alfandegárias do Conselho de Estado chinês disse que a imposição pelos EUA de tarifas excessivamente altas viola as regras econômicas e comerciais internacionais e vai contra as leis econômicas básicas e o senso comum.
Pequim ainda classificou a medida como “intimidação e coerção unilateral”.
O porta-voz da embaixada chinesa nos EUA, Liu Pengyu, ainda escreveu no X que a “China nunca se curvará à pressão máxima dos EUA” e que o país norte-americano deve mudar sua atitude.
A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo tem gerado tensões nos mercados globais, que oscilam em meio às incertezas das consequências que as tarifas e eventuais retaliações adicionais podem causar.
As bolsas em Nova York fecharam a semana em alta, após uma série de sessões marcadas por rápida variação entre extremos de ganhos e perdas.
Apesar dos sinais de Wall Street, Trump mantém a posição. Segundo ele, política tarifária está indo muito bem.
Ainda nesta sexta, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o republicano estava otimista sobre a possibilidade de chegar a um acordo comercial com a China.
“O presidente deixou bem claro que está aberto a um acordo com a China […] Se a China continuar retaliando, isso não será bom para ela”, disse Leavitt.
O aumento das taxas neste sábado marca um novo capítulo da novela de ataques e resposta entre Pequim e Washington.
Ao ponderar sobre o quanto mais cada lado poderia aguentar nessa escalada, Bruna Allemann, head da mesa Internacional da Nomos, avalia que a China ainda tem mais fôlego para continuar dando braçadas do que os EUA.
“O ponto que Trump precisa perceber é que a China se preparou muito mais tempo para poder continuar essa guerra comercial. Ela é dona dos principais fatores de produção, das principais manufaturas e das principais fábricas. O mundo hoje depende muito da China”, apontou Allemann ao CNN Money.
Já para Carlos Gustavo Poggio, professor de ciência política do Berea College, os norte-americanos possuem duas vantagens. A primeira seria um “desacoplamento estratégico da China”.
Economistas ouvidos pela CNN ressaltaram que o cenário já não é mais sustentável e, inclusive, racional.
Questionado sobre até onde a China e os EUA vão com essa escalada da guerra comercial, Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central (BC) para Assuntos Internacionais, afirma que daqui para frente tudo é imprevisível.
“[Trump] colocou a tarifa em 125%, a partir daí ele pode colocar o número que quiser. A coisa já saiu do terreno da racionalidade e está no bullying puro simples. […] Economicamente, os dois estão se fazendo um dano gigantesco, não tem muita noção”, avalia Schwartsman.
O que os economistas ouvidos pela CNN apontam é que a tensão é movida, sobretudo, pela incerteza gerada com a política comercial de Trump.
“O grande problema enfrentado atualmente pelos mercados é a instabilidade, desorganização das políticas e contradição das informações, que têm mantido a incerteza em patamares elevados, semelhantes aos observados em momentos passados de crise”, explica Andressa Durão, economista do ASA.