18/04/2025 - 23:17
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Tarifas americanas reacendem tensões comerciais e criam oportunidades ao agro brasileiro

Cenário global de incertezas e riscos para o agronegócio

A recente decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas recíprocas a seus parceiros comerciais reacendeu incertezas no cenário econômico global. Anunciadas no início de março e efetivadas no início de abril de 2025, essas medidas provocaram instabilidade nos mercados, intensificaram temores de recessão mundial e impactaram negativamente os preços de diversos ativos.

Nas duas primeiras semanas de abril, as preocupações com uma desaceleração econômica global ganharam força, especialmente para o setor agroexportador. Commodities como café, suco de laranja e algodão são as mais suscetíveis à retração da demanda em cenários de crise. Embora os EUA tenham anunciado um adiamento das tarifas por 90 dias, o risco de impacto sobre o comércio internacional permanece.

Apesar do ambiente volátil, um cenário intermediário — com tarifas moderadas e sem recessão — abre possibilidades para o Brasil ampliar sua presença em mercados internacionais. Produtos agrícolas brasileiros podem ganhar competitividade frente aos concorrentes norte-americanos, especialmente em países como México, Canadá, China, Coreia do Sul e na União Europeia.

O Brasil já exporta uma gama relevante de produtos para os EUA, com destaque para café verde, celulose, suco de laranja e carne bovina. O país também é fornecedor importante de madeira, carne bovina industrializada e sebo.

Café

Com os EUA sendo o maior consumidor mundial da bebida, o café brasileiro mantém competitividade, especialmente frente aos concorrentes asiáticos que foram mais penalizados pelas novas tarifas. Enquanto países como Vietnã, Indonésia e Índia enfrentam taxas de até 46%, o Brasil, Colômbia e Honduras foram taxados em 10%.

Em 2024, os EUA importaram 24,6 milhões de sacas de café verde, sendo 31% de origem brasileira. A substituição do arábica brasileiro seria difícil devido ao seu volume e qualidade. Mesmo com a expectativa de uma safra brasileira um pouco menor em 2025/26, o país deve seguir como principal fornecedor, em especial pela vantagem tarifária frente ao robusta asiático.

Suco de laranja

A aplicação de uma tarifa de 10%, somada à taxa atual de US$ 415 por tonelada, tende a tornar o suco brasileiro menos competitivo nos EUA, que hoje respondem por 35% das exportações brasileiras do produto. A elevação de preços ao consumidor pode acelerar a tendência de queda no consumo global.

Nesse cenário, o Brasil pode redirecionar parte de sua produção para a União Europeia (que já absorve 51% dos embarques, somando Bélgica e Holanda) e mercados menores, como China e Japão. Apesar da vantagem mexicana — que pode manter isenção tarifária —, é improvável que o país consiga substituir integralmente o volume brasileiro, que representou 70% das importações americanas em 2024.

Proteínas animais

O Brasil vê oportunidade de ampliar sua fatia de mercado em países que tradicionalmente importam grandes volumes de carne dos EUA. Em carne bovina, o Brasil ainda é praticamente ausente no Japão e Coreia do Sul. Em carne suína, possui participação modesta no México, Canadá e Colômbia. Em carne de frango, mercados como Vietnã, Cuba, Guatemala e Taiwan ainda oferecem espaço para expansão.

A estimativa do USDA é de que a produção de carne bovina dos EUA sofra retração de 1,1% em 2025, o que pode forçar o país a manter importações para evitar pressão sobre os preços domésticos. Com concorrentes como Austrália e Argentina também sendo taxados em 10%, o Brasil segue competitivo na carne bovina.

Soja

A soja brasileira já vem se beneficiando de prêmios de exportação mais elevados. Com o aumento das tensões entre EUA e China, e a imposição de tarifas de até 145% sobre o grão americano, o Brasil tende a reforçar ainda mais sua posição no mercado chinês.

Mesmo com a postergação de tarifas generalizadas por 90 dias, o endurecimento das relações entre as duas potências cria um ambiente favorável à soja brasileira, especialmente na entressafra norte-americana, quando o Brasil assume protagonismo nos embarques.

Algodão

Seguindo lógica semelhante à da soja, o algodão brasileiro pode ganhar espaço na China. Embora a demanda chinesa deva ser menor em 2025, por conta da safra doméstica elevada e estoques maiores, os EUA ainda são um dos principais fornecedores — com 760 mil toneladas embarcadas à China no último ano.

O Brasil, que caminha para mais uma safra recorde graças ao aumento da área plantada, surge como principal alternativa ao produto americano, reforçando sua presença no mercado chinês.

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