Suspensão de compras da agricultura familiar em Assis gera prejuízos e revolta entre produtores

Cinco meses após a Prefeitura de Assis suspender a compra de alimentos da agricultura familiar para programas como o PNAE e o PAA, produtores rurais da cidade e região acumulam prejuízos e cobram diálogo com o poder público. Na última terça-feira (29), dezenas deles se reuniram na sede da Aprumar para protestar contra a interrupção dos contratos, que antes garantiam o fornecimento de hortaliças, leite e polpas de frutas para a merenda escolar e cestas alimentares distribuídas a famílias em situação de vulnerabilidade.

“Está tudo parado porque não tem pra quem vender”, relatou Ariovaldo Piovesani, produtor da Água Funda. Como ele, outros agricultores afirmam que o impacto vai além das perdas econômicas: há frustração, desperdício e desestruturação de cadeias produtivas locais que estavam consolidadas há anos.

A substituição do leite pasteurizado local por leite em pó industrializado, por exemplo, também levantou questionamentos sobre a qualidade da merenda e a quebra do ciclo de valorização da economia regional.

Em resposta, a prefeita Telma Spera declarou que a mudança visa “democratizar o acesso” aos programas e eliminar cobranças de taxas. Segundo ela, um novo projeto de lei já foi enviado à Câmara para regular a compra direta de produtores, sem intermediações. A prefeita negou a falta de diálogo e prometeu prioridade aos produtores assisenses.

Contudo, representantes da Aprumar e vereadores alertam para o risco de descaracterização da política pública. “O programa é para o pequeno agricultor. Do jeito que está, vai favorecer os grandes e isso fere a lei federal”, afirmou José Fernandes, ex-prefeito de Assis.

Foto: Portal Assiscity

José Fernandes questiona o uso de leite em pó na merenda escolar entregue nas creches municipais – FOTO: Portal AssisCity