O tetracampeão mundial de Fórmula 1, Sebastian Vettel, elogiou nesta terça-feira (15) o britânico Lando Norris, atual líder da temporada, classificando-o como um “modelo real” e destacando sua postura autocrítica como um sinal de força, não de fraqueza.
Norris, que lidera seu companheiro de equipe na McLaren, o australiano Oscar Piastri, por três pontos antes da quinta etapa do campeonato, no domingo (20), na Arábia Saudita, admitiu erros e assumiu a culpa pelo desempenho abaixo do esperado no GP do Bahrein.
Após um fim de semana conturbado, o britânico disse estar “perdido” durante o treino classificatório, cometeu diversos erros na corrida — incluindo uma largada antecipada quando partia da sexta posição — e afirmou que teve dificuldades para se adaptar ao carro, apesar de ter terminado em terceiro lugar.
A atitude de Norris contrasta com a antiga cultura da Fórmula 1, que incentivava os pilotos a esconderem vulnerabilidades para não darem margem a rivais. Para Vettel, que se aposentou em 2022, a postura do jovem piloto representa uma nova e positiva mentalidade no esporte.
“Acho que é um desenvolvimento positivo, porque somos pessoas normais, com problemas normais como qualquer um”, afirmou o alemão, em entrevista à Reuters, durante evento de kart na Arábia Saudita voltado à inclusão de mulheres no automobilismo.
“O heroísmo é válido, mas também faz parte do heroísmo falar sobre seus problemas e fraquezas. Isso é algo inspirador de se ver. São verdadeiros modelos de conduta”.
Vettel contou que, na infância, aprendeu a esconder fraquezas e a evitar demonstrações de emoções como o choro. Para ele, Norris mostra que ser aberto é não apenas aceitável, mas também necessário.
“Não acho que isso seja um sinal de fraqueza. Alguns podem criticar, mas olhando para o quadro geral, é um avanço”, avaliou.
O alemão também comentou a rivalidade entre Norris e Piastri, vencedor do GP do Bahrein e gerenciado por seu ex-companheiro e rival Mark Webber. Vettel não acredita que a disputa entre os dois terá a mesma intensidade do seu primeiro duelo pelo título, em 2010.
“Ainda colocaria o Lando como favorito indireto, mas o tempo dirá”, disse.
“As pessoas buscam entretenimento, o que é parte do esporte, mas não vejo os dois como uma dupla marcada por rivalidade intensa. Acho que se darão bem e que Andrea [Stella, chefe da McLaren] saberá como gerenciar os dois. As rivalidades hoje são diferentes. Existe respeito mútuo, e essa geração consegue separar melhor o que acontece dentro e fora das pistas”.
Vettel também comentou a ida de seu amigo Lewis Hamilton à Ferrari, dizendo torcer pelo heptacampeão, mesmo que suas chances de conquistar o oitavo título não sejam as maiores neste momento.
Sobre Max Verstappen, atual tricampeão mundial, Vettel acredita que o piloto da Red Bull segue como forte candidato ao título, apesar do sexto lugar no Bahrein e das recentes dificuldades da equipe.
“A Red Bull não está tão forte agora, mas, se voltarmos um ano, eles começaram muito bem e perderam um pouco de rendimento no final”, lembrou. “Ainda assim, venceram o campeonato. Não é algo fácil de consertar, mas eles sabem o que estão fazendo. É bastante provável que consigam se recuperar”.