O mais recente boletim da RaboResearch Food & Agribusiness, divulgado em maio, destaca um cenário de contrastes para o mercado brasileiro de grãos. Apesar da queda nos preços da soja e do milho no mercado interno, a produção se mantém robusta e as exportações de soja seguem em alta, impulsionadas por uma safra recorde e maior demanda da China.
Em maio, os preços da soja no Brasil registraram queda de 2% em relação ao mesmo período de 2024. O recuo é atribuído à valorização do real frente ao dólar e à pressão negativa sobre os prêmios pagos ao produtor.
No caso do milho, a queda foi ainda mais acentuada: os preços recuaram 8% em comparação ao ano anterior, influenciados pelo bom desempenho da safrinha e pela valorização cambial, que reduz a competitividade do produto brasileiro no mercado externo.
As exportações brasileiras de soja somaram 15,3 milhões de toneladas em abril, um crescimento de 4% em relação a março. No acumulado do ano, os embarques superam em 2% o volume exportado no mesmo período de 2024. O resultado positivo é reflexo de uma safra recorde e da diminuição das compras chinesas de soja originária dos Estados Unidos.
Já o milho enfrenta um cenário oposto: foram exportadas apenas 200 mil toneladas em abril, uma queda de 80% em relação ao mês anterior. No acumulado de 2025, o volume embarcado está 14% abaixo do registrado em 2024.
A segunda safra de milho, conhecida como safrinha, apresenta boas condições agronômicas nas principais regiões produtoras. As chuvas de abril contribuíram para o bom desenvolvimento das lavouras, e a expectativa da RaboResearch é de que a produção total de milho atinja 129 milhões de toneladas — 6 milhões a mais do que na safra anterior.
A venda antecipada da safra 2024/25 segue em ritmo semelhante à média dos últimos cinco anos, tanto para a soja quanto para o milho. Em Mato Grosso e no Paraná, os percentuais comercializados acompanham o histórico recente, demonstrando estabilidade no comportamento do produtor.
Boletins climáticos regionais apontam que o regime de chuvas tem sido favorável ao desenvolvimento das lavouras. Regiões como Lucas do Rio Verde (MT), Chapadão do Sul (MS), Rio Verde (GO) e Cascavel (PR) registram predominância de lavouras em boas ou excelentes condições. A distribuição de chuvas entre abril e maio esteve próxima ou acima da média histórica, garantindo suporte hídrico adequado.
Mesmo diante de um cenário de preços mais baixos, o setor de grãos brasileiro mantém projeções otimistas para o restante de 2025. A solidez da produção, aliada ao bom ritmo das exportações de soja, sustenta a competitividade do Brasil no mercado internacional.