O governo federal realizou um recuo rápido na decisão de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de fundos de investimento no exterior, após forte repercussão negativa no mercado financeiro. A medida, anunciada inicialmente como parte de um pacote econômico, foi revertida em menos de 24 horas.
Segundo apuração da analista política Isabel Mega, a reação adversa provocou uma reunião emergencial no Palácio do Planalto. O encontro contou com a presença de ministros-chave, incluindo Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, Rui Costa, da Casa Civil, e Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social.
Às 23h30 de quinta-feira, o Ministério da Fazenda utilizou a plataforma X (antigo Twitter) para comunicar a decisão de manter a alíquota zero do IOF sobre aplicações de fundos de investimento brasileiros em ativos no exterior. A postagem empregou uma linguagem altamente técnica, citando decretos e artigos específicos, numa aparente tentativa de oferecer clareza ao mercado.
O episódio remete a um cenário semelhante ocorrido no final do ano passado, quando o governo anunciou simultaneamente medidas de corte de gastos e mudanças no imposto de renda, gerando reações negativas. A estratégia de combinar anúncios impopulares com medidas supostamente mais atrativas não teve sucesso naquela ocasião, e parece ter se repetido agora.
O pacote econômico anunciado inicialmente incluía um bloqueio e contingenciamento de R$ 31,3 bilhões no orçamento, superando as expectativas do mercado que previam cerca de R$ 10 bilhões. No entanto, o anúncio do aumento do IOF ofuscou a percepção positiva dessas medidas de responsabilidade fiscal.