O regime de Nicolás Maduro negou nesta quarta-feira (7) que os opositores venezuelanos que estavam asilados na embaixada argentina em Caracas tenham sido resgatados pelos Estados Unidos, e afirmou que eles saíram do país após negociações com o chavismo.
Após quase 24 horas do anúncio dos Estados Unidos de que os asilados venezuelanos deixaram a sede diplomática argentina e foram para os EUA, o único integrante do regime chavista a se manifestar sobre o caso foi o ministro do Interior e Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello.
Em seu programa no canal de televisão estatal, Cabello afirmou que quatro opositores que estavam na embaixada saíram do país após contatos com o regime chavista.
“Eles montaram seu show e no final acabaram negociando”, disse Cabello. Segundo ele, a mãe da líder opositora também saiu da Venezuela em um voo para a Colômbia, como parte da negociação, e a versão de que os asilados foram resgatados pelos Estados Unidos é um “relato”.
Ele, no entanto, disse não poder dar maiores detalhes. “Não posso dizer muito porque eu tenho palavra e prometi não dizer coisas. Mas como eles saíram falando que foi uma coisa de Missão Impossível, então tenho que dizer o que realmente ocorreu”, afirmou.
A versão de Cabello, número dois do chavismo, contradiz a versão dos Estados Unidos e da Argentina sobre a saída dos opositores, que teriam sido “resgatados” após uma “operação” liderada pelo governo de Donald Trump.
O porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni, por sua vez, disse que houve uma “operação de extração” dos asilados da embaixada, e que “não houve negociação” com o regime de Maduro.
“Quem disse que não teve negociação, é porque foi deixado de fora da negociação e não tem nada o que dizer”, ironizou Cabello, complementando: “A permanência dessas pessoas na embaixada dependia deles. Nós não os colocamos aí”.
Ao anunciar, na terça-feira (6), que os opositores deixaram a embaixada em Caracas, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que eles se encontram em solo americano.
O próprio governo brasileiro, que estava tutelando a embaixada argentina após a expulsão dos diplomatas de Javier Milei da Venezuela, afirmou que apesar das negociações com o chavismo, não conseguiu salvo-conduto para os opositores, que eram alvo de mandado de prisão em seu país.
Cabello também desmentiu que tenham sido cinco os asilados que saíram do país na terça. Segundo ele, havia somente quatro pessoas no local, após uma das asiladas deixar “por sua conta” a sede diplomática em 20 agosto do ano passado e outro se entregar para as autoridades do Ministério Público do país em dezembro.
Uma fonte diplomática envolvida no assunto confirmou para a CNN que uma das asiladas “escapou” há meses da embaixada em Caracas. Procurada pela reportagem, a equipe de Machado não fez comentários sobre a declaração de Cabello.