A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito policial para investigar estudantes de medicina que publicaram um vídeo no qual zombam de uma paciente. A jovem, Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, morreu no final de fevereiro deste ano após quatro transplantes e a luta diária de viver com uma cardiopatia considerada grave.
Vitória nasceu com uma doença no coração. A cardiopatia congênita foi diagnosticada como anomalia de Epstein, doença rara que afeta a válvula do coração.
A malformação do coração pode causar complicações cardíacas como arritmias e embolias, quando um vaso é obstruído e impede a passagem do sangue. A doença não tem cura e pacientes como Vitória recorrem a transplantes.
Em 2005, com apenas 16 anos, Vitória realizou o primeiro transplante de coração. A jovem ficou por onze anos com o órgão transplantado até que teve uma doença nas coronárias, artérias e veias que irrigam o músculo cardíaco.
O segundo transplante de coração aconteceu em 2016 e, em junho de 2023, Vitória publicou nas redes sociais que estava na fila para o terceiro transplante. Nessa vez, havia uma disfunção das coronárias e a equipe médica disse que seria uma luta contra o tempo, de acordo com a publicação da jovem.
Em 2023, Vitória fez um transplante de rim pela sobrecarga do tratamento cardíaco e, em janeiro do ano passado, realizou o terceiro transplante de coração no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
A jovem ficou internada na unidade de saúde por cerca de ano e nove meses até que morreu após um choque séptico e insuficiência renal crônica no dia 28 de fevereiro deste ano.
Vitória estava em “profundo sofrimento” de acordo com a publicação da irmã nas redes sociais. Ela ainda disse que a irmã lutava há 26 anos e pede que “a linda trajetória da Vitória não seja manchada por duas pessoas que não sabiam um terço de sua história”.
As jovens devem ser investigadas por injúria pelo 14° Distrito Policial, em Pinheiros, na zona Oeste da capital paulista.
Jovem zombada por alunas de medicina tinha doença rara no coração
A abertura da investigação acontece após o vídeo, publicado em fevereiro e apagado na terça-feira (8), viralizar nas redes sociais e chegar a família da paciente mencionada na publicação, na última quinta-feira (3). No dia seguinte, a mãe da vítima compareceu à delegacia e fez a denúncia.