16/05/2025 - 03:03
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Propulsores da Voyager voltam a funcionar após apagão nas comunicações

Engenheiros da Nasa anunciaram que conseguiram reativar com sucesso os propulsores da sonda Voyager 1 — a espaçonave mais distante da Terra — no momento exato, pouco antes de um previsto apagão nas comunicações.

A interrupção seria causada por melhorias em uma antena terrestre que envia comandos à Voyager 1 e sua gêmea, a Voyager 2. Caso ocorresse enquanto a sonda enfrentava uma falha crítica nos propulsores, a missão histórica poderia estar perdida.

A nova solução aplicada aos propulsores de rotação originais — inativos desde 2004 — pode ajudar a manter a nave em operação até que ela consiga se comunicar novamente com a Terra no próximo ano.

Lançada em setembro de 1977, a Voyager 1 utiliza mais de um conjunto de propulsores para funcionar corretamente. Os principais orientam cuidadosamente a espaçonave para que sua antena permaneça apontada para a Terra. Isso garante o envio dos dados coletados a impressionantes 25 bilhões de quilômetros de distância, no espaço interestelar, além do recebimento de comandos da equipe da missão.

Dentro do conjunto principal estão os motores de rotação, que permitem à Voyager 1 manter seu alinhamento com uma estrela guia e, assim, conservar sua orientação no espaço. Sem esse controle de rotação, a missão poderia estar ameaçada.

Com o tempo, os disparos dos propulsores deixam resíduos de propelente. Até agora, os engenheiros vinham alternando entre os dispositivos originais e os de reserva, além de um terceiro conjunto usado nas manobras durante sobrevoos planetários nos anos 1980. No entanto, esses últimos não contribuem para a rotação da espaçonave.

Os propulsores de rotação originais deixaram de funcionar há mais de 20 anos após a falha de dois aquecedores internos. Desde então, a sonda vem confiando nos jatos de reserva para se manter apontada para a estrela guia.

“A equipe achou aceitável que os propulsores de rotação principais parassem, já que os de reserva funcionavam perfeitamente bem”, disse Kareem Badaruddin, gerente da missão no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa, em Pasadena, Califórnia. “E, sinceramente, provavelmente ninguém achava que as Voyagers estariam funcionando mais 20 anos depois.”

Agora, os engenheiros temem que o acúmulo de resíduos possa fazer com que até mesmo os propulsores de reserva parem de funcionar ainda neste outono (no hemisfério norte). Por isso, precisaram ser criativos — e assumir riscos — para tentar reativar os antigos dispositivos principais.

Quando os aquecedores dos propulsores principais falharam em 2004, acreditava-se que não havia conserto. Mas diante do risco iminente, a equipe decidiu reexaminar o problema.

Os engenheiros suspeitaram que uma falha nos circuitos de alimentação dos aquecedores poderia ter alterado uma chave de posição. Se fosse possível reverter essa chave para sua posição original, os aquecedores talvez voltassem a funcionar — e, com eles, os propulsores de rotação principais.

Mas a solução não era simples. A Voyager 1 opera além da heliosfera, a bolha de campos magnéticos e partículas do Sol que se estende muito além da órbita de Plutão.

A equipe teve que correr o risco de ativar os propulsores principais e ligá-los antes mesmo de consertar os aquecedores, já que eles só funcionariam com os jatos em operação. Se a espaçonave se desviasse da estrela guia, seu sistema acionaria automaticamente os motores. Se os aquecedores não estivessem ligados nesse momento, isso poderia causar uma pequena explosão.

Além do risco, o time enfrentava um prazo apertado. Uma antena gigante da Terra localizada em Canberra, Austrália, foi desativada em 4 de maio para reformas que seguirão até fevereiro de 2026. Essa antena é a única com força suficiente para enviar comandos às sondas Voyager.

“Essas melhorias são importantes para futuras missões tripuladas à Lua e também aumentam a capacidade de comunicação com nossas missões científicas no espaço profundo, muitas das quais se baseiam nas descobertas feitas pela Voyager”, disse Suzanne Dodd, gerente do projeto Voyager e diretora da Rede Interplanetária do JPL.

A antena será ativada brevemente em agosto e dezembro, então a equipe decidiu testar os propulsores agora, antes de perder o contato com a sonda. Assim, se precisarem acioná-los em agosto, já saberão se é uma opção viável.

No dia 20 de março, os engenheiros aguardaram ansiosamente o retorno dos dados da Voyager 1 após o envio do comando no dia anterior para ativar os propulsores e os aquecedores. A resposta da sonda demora mais de 23 horas para chegar devido à distância.

Se o teste falhasse, a missão já estaria em risco. Mas os dados chegaram, mostrando um aumento significativo na temperatura dos aquecedores — sinal de que a tentativa foi bem-sucedida.

“Foi um momento glorioso. A moral da equipe estava altíssima naquele dia”, disse Todd Barber, responsável pelos sistemas de propulsão da missão. “Esses propulsores eram considerados mortos. E essa conclusão era legítima. Mas um de nossos engenheiros teve o insight de que talvez houvesse outra causa possível — e que poderia ser corrigida. Foi mais um milagre na história da Voyager.”

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