Lavouras de mandioca em importantes regiões produtoras do Norte e Centro-Oeste enfrentam graves ameaças causadas por pragas que já provocam perdas significativas. A doença vassoura-de-bruxa e a mosca-das-galhas comprometem plantações no Amapá, Pará e Tocantins, e alertam produtores e técnicos sobre a importância do manejo integrado e do monitoramento constante para conter os danos.
A doença vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo Rhizoctonia theobromae, destruiu plantações no Amapá e Pará no início deste ano. Agora, no Tocantins, cresce a preocupação com a mosca-das-galhas (Jatrophobia brasiliensis), antes considerada praga secundária, mas que já atinge áreas inteiras.
Segundo o agrônomo Vinícius Vigela, da empresa Nitro, especializada em insumos biológicos, perdas de até 100% já foram registradas em áreas recém-plantadas. “A mosca-das-galhas bloqueia a fotossíntese e mata plantas jovens, formando galhas que dificultam o controle direto”, explica. Já a vassoura-de-bruxa causa brotações deformadas, folhas amareladas e raízes sem valor comercial, podendo dizimar uma lavoura em menos de 40 dias.
O agrônomo aponta que o clima quente e úmido do Norte e Centro-Oeste, especialmente em períodos chuvosos, favorece o ciclo das pragas. “Essas ameaças não são novas, mas o manejo inadequado e as mudanças climáticas criaram um ambiente ideal para sua expansão”, alerta Vigela. Por isso, ele enfatiza a necessidade de atenção desde o início do plantio.
Entre as práticas que contribuem para a disseminação das pragas, destacam-se:
Para controlar as pragas, o agrônomo reforça a importância do Manejo Integrado de Pragas, que reúne ações preventivas, biológicas e culturais, como:
Adoção do vazio sanitário, que consiste em manter distância entre lavouras novas e áreas infestadas
O agrônomo lembra que não existem defensivos químicos eficazes contra a vassoura-de-bruxa, tornando a prevenção ainda mais importante. O uso criterioso de defensivos seletivos e agentes biológicos, como fungos Trichoderma e biofungicidas à base de Bacillus, pode ajudar no controle sustentável.
Além das práticas em campo, Vigela destaca o valor do acompanhamento técnico para diagnóstico preciso e decisões mais seguras, evitando o uso excessivo de insumos e protegendo a renda dos produtores. “É o que garante a sustentabilidade da produção de mandioca”, afirma.
A situação no Tocantins serve de alerta para produtores de todo o país. O agrônomo reforça que intensificar o monitoramento, buscar assistência técnica e adotar medidas preventivas são ações urgentes para proteger uma cultura vital para a segurança alimentar e a economia de milhares de famílias brasileiras.