Flores, almoços especiais, lembranças emocionadas — todo segundo domingo de maio, o Brasil (e boa parte do mundo) se mobiliza para celebrar o amor mais universal de todos: o materno.
Mas, em meio a homenagens e corações bordados, uma pergunta quase sempre passa batida: por que exatamente o Dia das Mães é comemorado nessa data? Seria uma coincidência conveniente no calendário ou há uma história por trás da escolha?
Aqui vai um spoiler: a resposta envolve muito mais do que flores e abraços.
Está enraizada em movimentos sociais, tradições religiosas e até em estratégias comerciais que ajudaram a transformar o mês de maio em sinônimo de afeto — e de consumo. Vamos conferir?
A cada segundo domingo de maio, o cenário se repete: restaurantes lotam, lojas ampliam o horário de funcionamento, redes sociais se enchem de declarações.
O Dia das Mães é, sem dúvida, uma das datas mais queridas (e comercialmente poderosas) do calendário brasileiro. Mas o que muitos não sabem é que a escolha desse domingo específico de maio não foi aleatória.
Muito pelo contrário: a história por trás da data é marcada por homenagens sinceras, militância social, influência religiosa e, claro, estratégias comerciais que consolidaram o mês como símbolo do amor materno.
Antes de entender sobre a escolha da data, é importante compreender o motivo dela sequer existir.
A origem da celebração moderna vem dos Estados Unidos, no início do século 20. Após perder a mãe em 1905, Anna Jarvis, uma jovem da Virgínia Ocidental, decidiu transformar sua dor em homenagem.
A mãe de Anna, Ann Jarvis, havia sido uma ativista incansável durante a Guerra Civil Americana, organizando clubes de mulheres para melhorar as condições sanitárias e cuidar dos feridos, tanto no exército da União quanto dos Confederados.
Em vida, ela expressava o desejo de ver as mães sendo devidamente reconhecidas pelo papel vital que desempenhavam na sociedade.
Movida por esse desejo, Anna organizou a primeira celebração oficial em 1908.
O evento foi tão simbólico e bem recebido que, após uma campanha incansável, conseguiu que o então presidente dos EUA, Woodrow Wilson, instituísse o segundo domingo de maio como o Dia das Mães oficial, isso em 1914.
A escolha do mês de maio não foi por acaso. A mãe de Anna faleceu em 9 de maio e, com a institucionalização da data, o segundo domingo do mês passou a simbolizar esse luto transformado em gratidão coletiva.
A data também foi escolhida por ser um período de primavera nos EUA – estação das flores, da renovação, da fertilidade e, logicamente, altamente simbólica para a maternidade.
Além disso, o domingo favorecia a participação em cerimônias religiosas, algo importante para a cultura da época. Com o tempo, a celebração ganhou popularidade em diversos países, sendo absorvida e adaptada conforme as tradições locais.
Por aqui, o Dia das Mães começou a ser celebrado em 1918, em Porto Alegre, por iniciativa da Associação Cristã de Moços.
Mas foi em 1932 que a data ganhou status oficial, graças a um decreto assinado por Getúlio Vargas, então presidente do Brasil.
O objetivo, além de institucionalizar a homenagem, era também dar visibilidade ao papel da mulher e da mãe na formação moral da sociedade brasileira.
Mais tarde, a Igreja Católica também abraçaria a causa. Em 1947, o então arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Jaime de Barros Câmara, determinou que todas as paróquias celebrassem o Dia das Mães como parte do calendário litúrgico.
A intenção original de Anna Jarvis era que a data fosse marcada por gestos íntimos e afetuosos: visitas, bilhetes manuscritos, flores colhidas no jardim.
Ela chegou a criticar duramente a comercialização excessiva do Dia das Mães, que rapidamente se tornou uma das datas mais lucrativas do comércio mundial.
No Brasil, o Dia das Mães é a segunda melhor data comemorativa de vendas do varejo, perdendo apenas para o Natal, com impacto direto em segmentos como perfumaria, moda, eletrodomésticos e eletrônicos.
Ainda assim, mesmo com os apelos comerciais, o caráter simbólico da data permanece vivo. O segundo domingo de maio segue sendo um convite à pausa, ao afeto e à lembrança, seja com um presente, uma ligação ou o mais puro carinho.
