Talentoso em campo, controverso fora dele. Dudu se notabilizou assim ao longo de sua carreira. O conflito interno que pode culminar em sua saída precoce do Cruzeiro é mais um na já extensa lista de polêmicas que o camisa 7 carrega.
Contratado com status de astro pelo clube celeste, o atacante virou reserva com Leonardo Jardim e foi aos microfones externar sua insatisfação com o treinador, após a derrota cruzeirense para o Palestino-CHI, na última quinta-feira (24).
Para o jogo seguinte, contra o Vasco, no último domingo (27), o português decidiu afastá-lo e apontou uma situação interna como motivação. Liberado dos treinos, Dudu está cada vez mais longe do Cruzeiro e pode ter sua saída sacramentada nos próximos dias.
Ainda como jogador do Dínamo de Kiev-UCR, em janeiro de 2013, Dudu foi detido em Goiânia-GO suspeito de agredir a ex-esposa Mallu Ohanna e a ex-sogra. O atacante prestou depoimento na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Dema), mas foi liberado após pagar fiança de R$ 12 mil.
Dois anos depois, ele foi condenado pela Justiça de Goiás a cumprir serviços comunitários por “vias de fato”, o que não configura crime, e sim contravenção.
Um dos episódios mais polêmicos da carreira de Dudu aconteceu com o árbitro Guilherme Ceretta de Lima. Na final do Campeonato Paulista de 2015, contra o Santos, o atacante – que defendia o Palmeiras – empurrou Ceretta de Lima pelas costas, após ter sido expulso.
O atleta chegou a ser punido pelo Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paulista de futebol com 180 dias de suspensão, mas o Verdão reduziu a pena para seis jogos. Além disso, Dudu foi condenado pela Justiça a pagar uma indenização de R$ 25 mil, mais correções monetárias, ao árbitro.
Dudu deixou o Palmeiras, por empréstimo, em 2020, rumo ao Al-Duhail, do Catar. À época, o jogador atravessava um momento pessoal turbulento.
Em junho daquele ano, o astro voltou a ser acusado de agressão pela ex-esposa Mallu Ohanna, em Boletim de Ocorrência registrado na Quarta Delegacia Seccional de Polícia, em São Paulo.
Após meses investigações, Dudu foi inocentado por falta de evidências de que teria agredido Mallu. O inquérito foi encerrado pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo em janeiro de 2021.
Em julho de 2024, o Cruzeiro chegou a anunciar, em suas redes sociais, o retorno de Dudu. Na época, o clube mineiro pagaria cerca de R$ 21 milhões pelo atacante, que se recuperava de grave lesão no joelho.
O atleta havia aceitado a proposta celeste, mas ‘roeu a corda’ após ser pressionado por torcedores comuns e organizados do Palmeiras. A presidente Leila Pereira chegou a manifestar, publicamente, a intenção de que Dudu deixasse o Verdão.
Sem ter se juntado ao Cruzeiro, o jogador precisou continuar no Palmeiras para a sequência da temporada. No entanto, recebeu poucas oportunidades de Abel Ferreira, com quem desenvolveu uma relação de altos e baixos.
“Eu estava bem (no Palmeiras), estava treinando, bem fisicamente, era opção do treinador. Quem escolhe é o treinador. Tanto que eu sempre estava no banco, e o treinador optou por não me colocar. Aí depois ele responde lá os motivos”, disse o atacante, em entrevista na apresentação ao Cruzeiro.
A saída definitiva de Dudu do Palmeiras não foi nada amistosa. O jogador trocou farpas públicas com a presidente Leila Pereira. No dia 13 de janeiro deste ano, a dirigente concedeu entrevista e detonou a desistência do ídolo alviverde em assinar com a Raposa em 2024. Ela reclamou do prejuízo causado ao clube paulista.
“Foi completamente diferente do Dudu. O Dudu no meio do ano passado, depois de ter sofrido aquela grave lesão, ficou quase nove meses parado, sendo tratado de uma forma como nós tratamos todos os nossos atletas… ele procurou o Cruzeiro, querendo se transferir para o Cruzeiro. Eu autorizei. O Dudu foi vendido no meio do ano, só não foi formalizado (…) O Rony sairia pela porta da frente. O Dudu saiu pela porta dos fundos”, cravou Leila Pereira.
Em resposta, Dudu foi às redes sociais e subiu o tom contra Leila: “O caminhão estava pesado e mandaram eu sair pelas portas do fundo! Minha história foi gigante e sincera, diferente da sua, senhora Leila Pereira. Me esquece, VTNC”, disparou o camisa 7, em foto postada com suas conquistas no Palmeiras, dia 13 de janeiro.
O desentendimento entre os dois está na Justiça. Leila processou Dudu por danos morais, ainda em janeiro.
O começo de sua segunda passagem em Belo Horizonte deixou impressões promissoras, mas o atleta foi para o banco com Leonardo Jardim, que optou por um time mais físico e rápido.
O camisa 7 se tornou reserva contra o São Paulo, no dia 13 de maio, e seguiu nessa posição nos jogos seguintes do Campeonato Brasileiro. Titular contra o Palestino-CHI, na última quinta-feira (24), pela Copa Sul-Americana, Dudu polemizou em entrevista após a partida, ao questionar a decisão de Jardim.