A soja segue como protagonista do agronegócio brasileiro. Em 2024, a produção nacional superou os 150 milhões de toneladas, consolidando o grão como pilar da economia. No entanto, o aumento da produtividade vem acompanhado do avanço de pragas que ameaçam o cultivo, com prejuízos significativos.
Entre os principais vilões do sojal brasileiro estão:
Diante desse cenário, torna-se essencial desenvolver estratégias mais eficazes e sustentáveis de controle.
Para enfrentar essas pragas com mais eficiência e menor impacto ambiental, pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro) desenvolveram uma formulação inovadora de pesticida baseada em nanotecnologia.
O grupo, composto por Marcos Lenz, Matheus Mota Lanzarin, Leonardo Marques de Almeida Mariano, Manoel Peres Zinelli, Jhones Luiz de Oliveira, Leonardo Fernandes Fraceto e Adriano Arrué Melo, criou um sistema de liberação controlada do pesticida lufenuron, utilizando nanopartículas de policaprolactona (PCL). Esse composto é especialmente eficaz no combate à Rachiplusia nu, uma das principais lagartas que atacam a soja.
Os testes foram realizados tanto em laboratório (in vitro) quanto em condições semiabertas (in vivo), e mostraram que:
Segundo Marcos Lenz, as nanopartículas atuam como cápsulas que liberam o pesticida de maneira controlada, prolongando sua ação no campo e reduzindo a necessidade de reaplicações.
Em testes com simulação de campo, a nova formulação obteve controle superior a 90% das pragas com a dose recomendada. Apesar de a eficácia cair com concentrações mais baixas, os pesquisadores consideram o desempenho positivo e veem potencial de aprimoramento. “Nosso objetivo é ajustar a concentração do ingrediente ativo nas nanopartículas para que elas sejam ainda mais eficazes e sustentáveis em diversas condições ambientais”, destaca Lenz.
Essa inovação representa um passo importante rumo a defensivos mais eficazes e com menor impacto ambiental, justamente em um contexto de críticas ao uso excessivo de agrotóxicos e suas consequências para a saúde humana e os ecossistemas.
A próxima etapa das pesquisas deve focar:
Ao unir ciência de materiais, biotecnologia e agricultura de precisão, a nanotecnologia agrícola pode inaugurar uma nova era de defensivos: mais eficientes, menos tóxicos e com maior aceitação social. A expectativa é que essas soluções estejam, em breve, disponíveis para uso em larga escala nos campos do Brasil.