Um médico de 29 anos, identificado como Bruno Felisberto, é suspeito de matar a namorada, Ketlhyn Vitória de Souza, de 15 anos, com um tiro na cabeça. O crime ocorreu na madrugada do último sábado (3), na cidade de Guarantã do Norte, localizada em Mato Grosso, cerca de 725 km da capital do estado.
Segundo a Polícia Judiciária Civil, a Polícia Militar foi acionada em um hospital após a entrada de uma paciente vítima de disparo de arma de fogo na cabeça. A adolescente foi levada ao local pelo namorado, Bruno. De acordo com um enfermeiro, Bruno chegou muito abalado e pedia para que salvassem a namorada, afirmando que “não saberia viver sem ela”.
Após a morte da menina ser constatada, depois de cerca de 40 minutos de tentativas de reanimação, o namorado teria tentado danificar móveis do hospital, como janela e porta. A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) foi acionada para realizar o exame de necrópsia.
Bruno Felisberto foi preso preventivamente na tarde de segunda-feira (5). Ele estava foragido desde o dia do homicídio. O suspeito se apresentou na Base Aérea do Cachimbo, no Pará, onde entrou em contato com a Polícia Civil e teve a prisão cumprida.
Ele foi conduzido por uma equipe até a delegacia de Guarantã do Norte. Durante aproximadamente uma hora de interrogatório, ele confessou ter sido o autor do disparo.
Em depoimento, o médico relatou estar no automóvel com Ketlhyn, voltando de um passeio, quando ambos, sob efeito de álcool, pararam o veículo. Segundo ele, a adolescente pediu para dirigir e sentou em seu colo. Nesse momento, conforme seu depoimento, ele pegou a arma acreditando que estava desmuniciada (“descarregada”) e houve o disparo acidental.
A defesa do médico, por meio do advogado Fábio Henrique, alegou que o ocorrido “foi um acidente”. O advogado também disse que Bruno “pensou em se matar depois do que aconteceu”.
Segundo Fábio, a prática de exibir a arma era comum entre os “jovens”. Ele citou que, em outro dia, Bruno efetuou três ou quatro disparos para cima durante uma “brincadeira”, o que o teria levado a acreditar que a arma estava descarregada no momento do disparo contra a namorada.
A defesa também afirmou que Bruno e a namorada tinham planos de se casar e que a família da jovem estava segundo o relacionamento, descrevendo-os como um “casal normal”.
Dias antes da morte da jovem, um vídeo obtido pela CNN foi publicado nas redes sociais dela, em que o médico aparece brincando com uma arma enquanto dirige ao lado da adolescente. Nas imagens, ele tira as mãos do volante, pega a arma da cintura, e outra mulher, que seria a mãe de Bruno, aparece e “se diverte” com eles.
Após o tiro, o médico afirmou ter socorrido Ketlhyn imediatamente, levando-a ao hospital. Inicialmente, ele se recusou a revelar o paradeiro da arma, mas posteriormente conduziu os policiais até onde havia descartado o revólver: embaixo de uma ponte, na zona urbana de Guarantã do Norte.
Bruno se identifica nas redes sociais como médico e possui quase 50 mil seguidores no Instagram. Em sua biografia no perfil, ele se descreve como “1º lugar no concurso médico” e completa com a frase “Deus e gratidão no coração”. A foto de perfil é ao lado da namorada menor de idade. O delegado informou que o suspeito já teve uma medida protetiva de urgência decretada contra ele em 2022, a pedido de uma ex-companheira.
O caso está sendo investigado como homicídio e o inquérito deve ser concluído nos próximos dez dias. A arma foi apreendida e o médico permanece custodiado à disposição da Justiça.
