O Agro Mensal, relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA, apresentou uma análise abrangente do mercado do milho no Brasil e no exterior. O levantamento aponta queda nos preços internos impulsionada pela boa perspectiva para a segunda safra, além de revisar as projeções para a produção global do cereal.
Após uma alta de 4,6% em abril, os preços do milho na Bolsa de Chicago recuaram 5,5% na primeira quinzena de maio, atingindo USD 4,49/bushel. A queda está associada ao avanço rápido do plantio nos Estados Unidos, favorecido por condições climáticas positivas. A expectativa é de uma grande safra americana para 2025/26.
Mesmo com tensões relacionadas a tarifas, o milho norte-americano segue como o mais competitivo do mundo, mantendo a atratividade para o mercado externo.
No mercado doméstico, os preços do milho seguiram trajetória de baixa. Em Campinas (SP), o valor da saca caiu 6% em abril, chegando a R$ 83,59, e seguiu recuando 7,6% nos primeiros 15 dias de maio, sendo negociado a R$ 77,20/saca.
Essa desvalorização é explicada pelas boas condições de desenvolvimento da segunda safra. Apesar das previsões climáticas indicarem chuvas irregulares, abril registrou volumes satisfatórios de precipitação nas principais regiões produtoras, o que sustentou o otimismo com a colheita.
Segundo dados da Conab, cerca de 90% das lavouras da segunda safra estão na fase reprodutiva (florescimento e enchimento de grãos). Mais de 80% dessas lavouras apresentam condições entre boas e excelentes.
No entanto, o relatório alerta para o risco climático com a chegada de massas de ar polar, o que pode provocar geadas em estados como Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
O USDA revisou para cima a produção brasileira de milho para a safra 2024/25, passando de 126 para 130 milhões de toneladas. Já para a safra 2025/26, a projeção é de 131 milhões de toneladas no Brasil e 53 milhões na Argentina.
Nos EUA, a expectativa é de uma colheita recorde de 402 milhões de toneladas. Mesmo com aumento previsto no consumo interno e nas exportações, os estoques finais devem crescer 27% — de 35,9 milhões de toneladas em 2024/25 para 45,7 milhões em 2025/26.
Apesar da expansão da produção americana, o balanço global de oferta e demanda segue ajustado. A previsão é de que os estoques finais mundiais para a próxima temporada sofram nova redução de 3%, totalizando 278 milhões de toneladas.
Além das expectativas de uma grande colheita no Brasil — estimada em cerca de 105 milhões de toneladas apenas na segunda safra —, o foco de gripe aviária registrado no Rio Grande do Sul acende um sinal de alerta para o setor.
O fechamento das importações de aves brasileiras por alguns países pode reduzir a demanda por milho no curto prazo, ampliando a pressão de baixa sobre os preços internos.
Com um cenário favorável para a produção e estoques elevados nos EUA, além de possíveis impactos da gripe aviária no Brasil, o mercado do milho deve continuar pressionado nas próximas semanas. O relatório do Itaú BBA indica que, apesar de fatores de suporte externo, como a redução de tarifas entre EUA e China, o ambiente interno permanece desafiador para os preços.