O relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, traz uma análise detalhada sobre o comportamento do mercado de trigo no Brasil e no cenário internacional. A publicação aponta recuos nos preços globais durante abril e maio, além de projeções para a safra 2025/26 e os principais fatores que influenciam o mercado.
Na Bolsa de Chicago, o trigo apresentou queda de 1,5% na média de abril, atingindo USDc 535/bushel. Em maio, a baixa continuou, com média parcial de USDc 516/bushel. O valor mais baixo foi registrado em 12 de maio, com USDc 499/bushel — o menor patamar desde agosto de 2024.
Essa retração foi influenciada por diversos fatores:
Em maio, o mercado reagiu às geadas que atingiram áreas produtoras no sul da Rússia — principal exportador global —, com potencial de reduzir o volume exportável. Algumas regiões do sul da Ucrânia também foram afetadas. Além disso, houve leve piora nas condições da safra de inverno nos EUA, o que ajudou na recuperação das cotações.
No Brasil, a entressafra manteve a oferta interna de trigo restrita. Mesmo assim, os preços começaram a ceder diante da pressão internacional:
Outro fator de pressão sobre o mercado interno foi a queda nas cotações do trigo argentino, que reduziu a paridade de importação. O trigo da Argentina tem chegado aos moinhos brasileiros a preços mais competitivos.
A Conab projeta uma queda de 9,3% na área plantada de trigo para a safra 2025/26, somando 2,7 milhões de hectares. O recuo é impulsionado principalmente pelo Paraná, devido a frustrações recentes e à substituição da cultura pelo milho safrinha.
Paraná: até 19 de maio, 49% da área prevista já havia sido semeada, com 99% das lavouras em boas condições.
Rio Grande do Sul: o plantio começa em junho, e ainda há incertezas sobre o nível de investimento. A tendência, no entanto, é de retração, com comercialização de insumos ocorrendo em ritmo lento e expectativa de uso de menor nível tecnológico.
MAP (fosfato monoamônico): a relação de troca está desfavorável, exigindo 2,7 toneladas de trigo por tonelada de insumo — acima da média dos últimos cinco anos (2,3). O custo aumentou 20% em relação ao ano anterior.
KCl (cloreto de potássio) e ureia: cenário mais positivo, com índices de troca abaixo da média histórica.
A oferta interna continuará restrita até setembro ou outubro, enquanto os preços internacionais ainda devem seguir pressionando a paridade de importação. Nos EUA, o avanço da colheita e o comportamento do clima serão determinantes para a formação de preços:
Até o fechamento do relatório, a maior preocupação continuava sendo o impacto das geadas na Rússia e Ucrânia, que podem levar a revisões nas estimativas globais de produção.