O mercado brasileiro de feijão carioca encerrou a semana com ritmo de negociações bastante reduzido e baixa liquidez. Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Evandro Oliveira, muitas cargas acabaram retornando à origem ou foram estocadas na zona cerealista, especialmente no estado de São Paulo.
A demanda continua concentrada nos feijões de melhor qualidade, como os tipos extra 9 e 9,5, com destaque para grãos de escurecimento lento.
Apesar da oferta limitada, os compradores mantêm postura cautelosa e adotam estratégias pontuais de aquisição, preferindo evitar a compra de grandes volumes.
Ainda de acordo com Oliveira, os produtores optaram por reter os estoques, resistindo à venda com deságio. Essa decisão tem contribuído para a manutenção dos preços — que, em muitos casos, permanecem apenas nominais, pela falta de negócios concretos.
No fim da semana, alguns corretores demonstraram mais flexibilidade, com tentativas pontuais de destravar o mercado.
Para o analista, o mercado do feijão permanece num estado de equilíbrio frágil — sem fundamentos claros para altas ou quedas relevantes.
A retomada das vendas depende de uma reação mais firme no varejo ou de eventuais demandas regionais para reabastecimento.
No caso do feijão preto, o avanço da colheita da safra 2024/25 traz pressão adicional ao mercado.
Além disso, ainda há estoques remanescentes da safra anterior, o que tem gerado excedente e acirrado a concorrência entre os vendedores.
Mesmo com o excesso de oferta, muitos produtores estão estocando os grãos para evitar vendas com deságio. No entanto, há casos de liquidações forçadas, especialmente entre aqueles com menor capacidade de armazenagem.
A demanda permanece seletiva, focada em feijões limpos, padronizados e de boa aparência. Lotes fora desse padrão enfrentam dificuldades de escoamento e preços mais baixos.
Entre janeiro e abril de 2025, o Brasil exportou 44,9 mil toneladas de feijão, movimentando US$ 42,57 milhões, resultado superior ao do mesmo período do ano passado.
No entanto, esse avanço ainda não é suficiente para aliviar os estoques internos nem destravar o mercado.
Com câmbio favorável e oferta elevada, o setor já mira o mercado internacional como uma possível válvula de escape para o segundo semestre.
No curto prazo, porém, não há indicações concretas de novos embarques.
Segundo Evandro Oliveira, o mercado do feijão está preso a uma neutralidade delicada: