07/06/2025 - 10:03
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Mercado do feijão segue travado: baixa oferta, demanda seletiva e preços sem reação

A semana foi marcada pela estagnação nas negociações do feijão carioca, refletindo uma apatia generalizada desde o campo até o varejo. A comercialização foi praticamente nula, com os preços permanecendo nominais e sustentados mais pela expectativa do que por transações efetivas.

Segundo o analista Evandro Oliveira, da consultoria Safras & Mercado, mesmo com o avanço da colheita, a oferta efetiva no mercado foi limitada, composta majoritariamente por cargas remanescentes de leilões anteriores. “Muitos lotes nem chegaram a ser expostos, evidenciando o desânimo entre os vendedores”, destaca.

Além disso, as chuvas afetaram a qualidade do produto recém-colhido, resultando em grãos com alta umidade — entre 18% e 20% — que exigem secagem, elevando os custos operacionais e comprometendo a competitividade do produto.

Do lado da demanda, o cenário também é desanimador. Os compradores estão extremamente seletivos, adquirindo apenas lotes específicos de feijões com qualidade comercial, frequentemente com descontos ao longo do dia. “Há escassez de grãos com padrão nota 8,5 ou superior, o que até gera algum interesse, mas não é suficiente para ativar o mercado”, explica Oliveira.

Com o varejo operando em ritmo lento e sem necessidade urgente de reposição, os empacotadores também seguem cautelosos, contribuindo para a paralisação de toda a cadeia produtiva.

As cotações para o feijão carioca extra de melhor qualidade permanecem nominais, variando entre R$ 248 por saca (FOB Sul do Paraná) e R$ 279 por saca (FOB interior de São Paulo). Em Minas Gerais, os preços oscilam entre R$ 261 e R$ 263 por saca. Já os feijões de qualidade inferior enfrentam maior dificuldade de saída, com registros pontuais de venda a R$ 165 por saca, sinalizando pressão adicional sobre esses padrões.

Para o curto prazo, a expectativa é de manutenção do atual cenário de paralisia. Segundo o analista da Safras & Mercado, não há vetores de mudança visíveis, e mesmo com uma oferta ajustada e presença limitada de feijões extras, a ausência de demanda efetiva impede qualquer reação mais firme nos preços. “O mercado só tende a reagir quando houver sinais concretos de reposição no varejo”, conclui.

No mercado do feijão preto, o ritmo de comercialização também foi fraco. Apesar do ambiente calmo, algumas regiões observaram leve valorização, impulsionada pela firmeza dos produtores e corretores, que resistem a conceder descontos, mantendo pedidas acima das ofertas de compra.

Contudo, a demanda fraca continua sendo o principal obstáculo para uma reação mais expressiva nos preços. De acordo com Evandro Oliveira, em muitas regiões do Sul do país as cotações estão abaixo do preço mínimo oficial fixado pelo Governo — R$ 152,91 por saca para o produto tipo 1 —, o que pressiona a rentabilidade e mantém os agentes do mercado em posição de cautela. “Mesmo com resistência à queda, os negócios relevantes continuam travados, num cenário de descompasso entre o que se pede e o que se pode pagar”, avalia.

No varejo, o cenário tampouco apresenta estímulos. Dados da Conab mostram que o preço médio ao consumidor caiu de R$ 6,00/kg em março para R$ 5,69/kg em abril, representando uma queda de 5,2%. Esse valor está abaixo do praticado para o feijão carioca, que alcançou R$ 6,52/kg no mesmo período. A redução da atratividade no ponto de venda afeta a reposição e freia novas compras por parte dos canais de distribuição.

Nas principais regiões produtoras, o cenário é de estabilidade com pouca fluidez nos negócios. No Noroeste do Paraná, os preços variam entre R$ 151 e R$ 153 por saca (FOB), com valorização tímida. Já nos Campos de Cima da Serra (RS), as cotações giram entre R$ 133 e R$ 135 por saca (FOB), enquanto as pedidas dos produtores ainda giram em torno de R$ 150 por saca — valores que o mercado tem dificuldade em absorver.

O mercado de feijão, tanto carioca quanto preto, segue em compasso de espera, com pouca liquidez, demanda seletiva e preços estagnados. A ausência de fatores que estimulem a reposição no varejo mantém o setor sob forte inércia, com perspectivas limitadas de reação no curto prazo.

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