07/05/2025 - 22:12
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Lula na Rússia: O que o Brasil tem a ganhar e perder com a visita?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega nesta quinta-feira (8) a Moscou, a convite de Vladimir Putin. A visita oficial busca sinalizar a independência da política externa brasileira, mas analistas alertam que pode ter o efeito contrário: reforçar o alinhamento com a Rússia, contrariando posições históricas do Brasil em conflitos.

A agenda do presidente em Moscou prevê um encontro bilateral com Putin ― o primeiro desde que Lula voltou ao Palácio do Planalto em seu terceiro mandato.

O líder brasileiro também vai acompanhar o desfile militar que marca os 80 anos da vitória da antiga União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

Nos últimos anos, após a agressão contra Ucrânia, a celebração passou a ser vista como uma demonstração de força da Rússia.

O Kremlin vai exibir tropas, veículos militares e sistemas de armas no tradicional desfile na Praça Vermelha nesta sexta-feira (9) em Moscou, e espera reunir 29 líderes internacionais, de acordo com o conselheiro de Política Externa russo, Yuri Ushakov.

Além do presidente Lula, devem estar presentes os líderes da China, Xi Jinping, da Venezuela, Nicolás Maduro, de Cuba, Miguel Díaz-Canel, representantes de ex-repúblicas soviéticas e de países africanos que mantém relações próximas com a Rússia.

Os únicos europeus esperados pelo Kremlin são Robert Fico, da Eslováquia, e Aleksandar Vucic, da Sérvia.

“Isso sugere que a Rússia não tem apenas aliados, mas um grande número de países que estão próximos do espírito de nossa ideologia e de nossas visões de mundo”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, sobre a presença de líderes internacionais em Moscou para o Dia da Vitória, sem citar especificamente Lula.

“Até 2014, o desfile era visto como a celebração da vitória sobre os nazistas”, lembra o pesquisador da Universidade de Harvard Vitelio Brustolin, referindo-se à anexação da Crimeia pela Rússia.

“Mas perdeu o sentido porque é uma celebração da paz e do respeito à soberania, e agora Putin representa uma ameaça a esses valores”, adicionou.

Após tomar a Crimeia, em 2014, e lançar a invasão em larga escala, em 2022, a Rússia controla cerca de 20% da Ucrânia, que enfrenta bombardeios constantes.

Nesse contexto, analistas apontam que a visita oficial de Lula ao país agressor prejudica a imagem do Brasil como defensor do direito internacional e, portanto, contraria o interesse nacional.

“Lula conduz uma diplomacia personalista que se afasta dessas tradições, as contraria frontalmente e vai acarretar em desgaste para o Brasil junto aos seus parceiros tradicionais no Ocidente”, afirma o diplomata de carreira Paulo Roberto de Almeida, que considera a visita do presidente brasileiro à Rússia “constrangedora”.

Essa percepção de alinhamento foi reforçada pela Ucrânia, que se mostrou contrariada com a ida de Lula à Rússia. Às vésperas da viagem, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recusou uma conversa por telefone com o brasileiro, e fontes em Kiev disseram à CNN que a visita oficial consolida o apoio a Putin.

Na avaliação de representantes do governo ucraniano, Lula buscou um “álibi” para ir a Moscou e apoiar Vladimir Putin ao pedir para falar com Zelensky.

“Lula vai, literalmente, mostrar que está ao lado de Putin”, pontuou uma fonte de Kiev ao analista internacional da CNN Américo Martins.

Oficialmente, o Brasil condena a guerra e defende da via diplomática para resolução do conflito. No entanto, especialistas apontam para a divergência entre a posição da diplomacia brasileira e a postura do presidente Lula, considerado próximo a Vladimir Putin.

Em declarações controversas, Lula equiparou a responsabilidade que Rússia e Ucrânia teriam sobre o conflito ao dizer que “quando um não quer, dois não brigam” e sugeriu que o fornecimento de armas para defesa ucraniana prolongavam a guerra.

Ele também defendeu que Vladimir Putin viesse ao Brasil, apesar do mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o presidente russo, acusado por crimes de guerra.

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