Nesta quinta-feira (8), o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, afirmou que a escolha do nome Leão XIV pelo novo papa sinaliza um resgate da doutrina social da Igreja e uma ênfase na defesa da dignidade do trabalho.
A escolha do nome papal costuma refletir a forma como o pontífice pretende conduzir a Igreja. Leão XIII, que ocupou o cargo entre 1878 e 1903, é lembrado por ter escrito a encíclica Rerum Novarum, publicada em maio de 1891 – um marco na doutrina social da Igreja e um dos primeiros documentos a tratar, de forma concreta, os problemas sociais e econômicos da época.
Ao adotar o nome Leão XIV, o novo papa, Robert Prevost, sinaliza uma continuidade com o legado de Leão XIII e com o compromisso com a justiça social. O americano Prevost foi anunciado como novo líder da Igreja Católica após dois dias conclave. Trata-se do primeiro papa vindo dos Estados Unidos.
“Ele nos mostra e nos convida que é preciso retomar esta doutrina social da igreja que tem como objetivo fundamental o diálogo entre as nações e o bem comum, é um ponto que eu diria significativo e trouxe já de maneira muito positiva, algo que todos nós ansiamos: a paz no mundo”, afirmou o secretário-geral da CNBB.
“A paz esteja com todos vocês” foram as primeiras palavras do pontífice, proferidas em direção à multidão de fiéis na Praça de São Pedro.
Questionado sobre o significado de ter um papa americano num momento em que os Estados Unidos se colocam ao centro de diferentes conflitos mundiais, dom Ricardo Hoepers afirmou que Leão XIV veio mostrar que é preciso que o mundo inteiro ore pela paz.
“E um dos pontos fundamentais da doutrina social da igreja é o bem comum, é o bem entre os povos, é a paz, então mais do que a sua origem, eu diria que ele veio mostrar que é preciso que o mundo inteiro ore pela paz. São mais de 80 conflitos no mundo“, destacou.
O secretário-geral também abordou a dignidade do ser humano no trabalho, citando que o cenário atual envolve todas as nações, e com a globalização, uma crise surge.
“Sempre vai ser uma bandeira que a igreja estará trabalhando, a dignidade do ser humano pelo trabalho”, enfatizou.
“O fato de resgatar Leão XIV e a doutrina social vai trazer mais intensidade para que o mundo se abre para a dignidade do ser humano no trabalho, principalmente combatendo a escravidão no trabalho, que muitos países sofrem isso”, concluiu.
A fumaça branca saiu da chaminé da Capela Sistina por volta das 13h07 (horário de Brasília) para anunciar que os cardeais chegaram a um consenso sobre o sucessor do papa Francisco.
Após a confirmação da decisão, o papa eleito passou pela chamada “Sala das Lágrimas”, utilizada para tomar consciência da nova missão e realizar a troca de vestimentas para se apresentar com as vestes pontifícias.
Em seguida, Prevost apareceu na sacada com vista para a Praça de São Pedro, onde se dirige ao público de fiéis presentes.
Robert Prevost, de 69 anos, viveu como missionário no Peru de 2014 a 2023, onde foi nomeado bispo de Chiclayo. O papa tem cidadania peruana desde 2015.
Antes de se tornar papa, Prevost disse em entrevista ao Vatican News que ainda se considera um missionário. “Minha vocação, como a de todo cristão, é ser missionário, proclamar o Evangelho onde quer que se esteja.”
Depois da experiência como missionário na América do Sul, Prevost liderou um escritório do Vaticano para nomeações episcopais.