O diretor de Gestão de Pessoas do Ministério do Trabalho e Emprego, Jobson de Paiva Silveira Sales, que foi homenageado por uma das entidades investigadas pelas fraudes no INSS, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (9).
“O servidor de carreira do INSS ocupava o cargo de Gestor de Pessoas desde outubro de 2022, quando Previdência e Trabalho integravam um só ministério. Ao haver a separação de ambos, o servidor seguiu nesta função, uma vez que — até aquele momento — não era de conhecimento do MTE qualquer conduta que o desabonasse”, informou o Ministério do Trabalho em nota.
A saída ocorre logo depois de vir à tona que, em 2020, Jobson recebeu uma homenagem da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer), logo após a conclusão de um processo interno no INSS que permitiu a entidade a continuar fazendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões.
Na época, Jobson era diretor de Atendimento no INSS. A Conafer é a entidade que mais aumentou o número de mensalidades descontadas de aposentados e pensionistas do INSS entre os anos de 2019 e 2024 — período que é investigado pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) em razão de descontos indevidos.
A Conafer aumentou o valor descontado de aposentados em 57.000%, no período, segundo a CGU. O valor arrecadado pela entidade saiu de R$ 350 mil para R$ 202 milhões.
A Polícia Federal aponta em documentos da operação “Sem Desconto” que um assessor do presidente da Conafer é um dos operadores do esquema investigado por fazer a intermediação entre entidades e servidores do INSS.
Antes de Jobson receber a homenagem, o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) da Conafer com o INSS estava suspenso após servidores da autarquia terem identificado um grande volume de fraudes.
Apesar disso, a diretoria comandada por Jobson reverteu a suspensão e a Conafer foi reabilitada a operar descontos. A CNN tenta contato com Jobson de Paiva Silveira Sales.