Em abril de 2024, a China importou 6,08 milhões de toneladas métricas de soja, marcando uma queda de 29,1% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse foi o volume mais baixo registrado desde 2015, conforme dados da Administração Geral das Alfândegas, analisados pela Reuters.
A principal causa dessa queda foi o longo processo de desembaraço aduaneiro, que atrasou o transporte da soja dos portos chineses até as plantas de esmagamento. Tradicionalmente, o transporte levava entre 7 e 10 dias, mas agora está demorando entre 20 e 25 dias, de acordo com comerciantes e analistas do setor. Esses atrasos têm impactado negativamente a produção de farelo de soja, essencial para a alimentação animal na China.
A interrupção no fornecimento de soja tem gerado desafios para o setor de esmagamento de oleaginosas, especialmente no norte e nordeste da China, onde várias plantas de britagem foram forçadas a reduzir ou suspender a produção. Algumas fábricas de ração enfrentaram escassez de estoques, o que as levou a comprar soja a preços mais altos no mercado à vista.
Embora a situação tenha começado a melhorar gradualmente, a incerteza persiste. O mercado continua apreensivo quanto à possibilidade de congestionamento nos portos se os atrasos não forem resolvidos rapidamente.
Entre janeiro e abril de 2024, as importações de soja pela China somaram 23,19 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 14,6% em relação ao mesmo período de 2023. No entanto, as perspectivas para os próximos meses são mais otimistas. Analistas e traders preveem um aumento nas importações para cerca de 11 milhões de toneladas em maio e junho, com a expectativa de que as exportações brasileiras se recuperem e atendam a demanda crescente da China.
As importações de soja dos Estados Unidos também apresentaram queda. Dados do Departamento de Agricultura dos EUA indicam que, na semana terminada em 1º de maio, as vendas líquidas de soja para a China foram zero. Esse declínio é, em grande parte, atribuído à tarifa retaliatória de 125% imposta pela China, que limita consideravelmente a competitividade da soja americana no mercado chinês.
Com a guerra comercial entre China e Estados Unidos em andamento, todas as atenções estão voltadas para a próxima reunião entre autoridades dos dois países na Suíça. A expectativa é que o encontro possa resultar em avanços nas negociações comerciais, incluindo uma possível redução das tarifas, o que poderia reaquecer as importações de soja dos EUA para a China ainda este ano.
Os desafios enfrentados pela China no processamento de soja e as quedas nas importações refletem a complexidade das relações comerciais globais e os impactos das disputas comerciais. Com a recuperação das exportações brasileiras prevista para os próximos meses, o setor aguarda uma melhora nas condições de comércio e no fluxo de grãos.