O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou nesta quinta-feira (24) que a moderação do crescimento no Brasil é importante para levar a inflação à meta, acrescentando que os riscos do choque global de comércio são de crescimento mais baixo e inflação mais alta.
Em evento organizado pela XP investimentos em Washington, Guillen reforçou que há atualmente uma incerteza mais elevada em relação ao cenário externo, em função da guerra comercial deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo ele, há tanto riscos de alta quanto de baixa e, no caso específico do Brasil, existe uma discussão sobre se o choque poderia ser bom para o país.
“Tenho dificuldade em ver como algo positivo”, disse o diretor, reiterando ser difícil afirmar neste momento quais serão os impactos do choque de incerteza.
Guillen pontuou que, ao se analisar a moderação do crescimento, é possível ver “mensagens mistas” dependendo do setor observado. Para ele, o uso do conceito de “sinais incipientes de moderação do crescimento” continua sendo uma “boa forma de comunicar o tema”.
Em suas comunicações mais recentes, o Banco Central pontuou que a atividade econômica e o mercado de trabalho no Brasil têm apresentado dinamismo, ainda que “sinais sugiram uma incipiente moderação no crescimento”.
Esta avaliação constou, por exemplo, em ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, quando a instituição sinalizou a intenção de reduzir o ritmo de altas da Selic a partir de maio.
Atualmente a Selic está em 14,25% ao ano, e o mercado tem precificado chances maiores de elevação de 50 pontos-base ou menos no próximo mês — em sintonia com o discurso do BC nos documentos oficiais.
No evento desta quinta-feira, Guillen avaliou que os mercados parecem estar entendendo bem a comunicação do BC. O diretor pontuou que a taxa de juros está em um patamar contracionista e que a política monetária funciona, assim como os mecanismos de transmissão.
Ele também reforçou que a incerteza determina “cautela extra e maior flexibilidade” da autoridade monetária.
Guillen citou que as expectativas de inflação para 2025 no Brasil têm subido em todos os componentes, acrescentando que todos os membros do Copom estão desconfortáveis com a desancoragem dessas expectativas.
No boletim Focus mais recente, a projeção mediana de inflação do mercado para 2025 está em 5,57% e para 2026 em 4,50% — em ambos os casos bem acima do centro da meta contínua perseguida pelo BC, de 3%.