Citando diretamente o “tarifaço” de Donald Trump, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as previsões de crescimento econômico global para 2025. Diante de toda a repercussão negativa, o presidente americano apresentou os primeiros sinais de recuo na guerra comercial e afirmou que não vai pegar pesado com a China.
O FMI destacou que a incerteza gerada pela escalada nas tensões comerciais terá um impacto significativo na atividade econômica global. Um dos pontos mais afetados será a cadeia de produção, o que pode provocar uma redução na oferta de produtos pelo globo.
O economista-chefe do Fundo, Pierre-Olivier Gourinchas, afirmou que as tarifas forçaram negócios a pausar investimentos e compras, já indicando uma desaceleração em algumas atividades. “E isso é um choque negativo na demanda e vai gerar pressão nos preços. E, além disso, temos o fato de que existem cadeias de suprimentos incrivelmente complexas que foram construídas ao longo de anos”, complementa.
A nova previsão do FMI é de um crescimento econômico global de 2,8%, o que representa um corte de meio ponto percentual na comparação com as estimativas anteriores.
O fundo também prevê um crescimento menor para os Estados Unidos. Segundo o FMI, a economia americana deve crescer 1,8% neste ano, acompanhada de inflação persistente e de maior possibilidade de retração no consumo.
“Nós estamos dizendo que o risco de uma recessão acontecer nos EUA aumentou. De acordo com nossos cálculos, esse risco subiu de cerca de 25% em outubro para algo em torno de quase 40% agora.”, disse Gourinchas.
Mesmo com as projeções negativas, o governo Trump insiste em expandir a guerra comercial. Nesta terça-feira (22), foram impostas tarifas que ultrapassam 3.500% sobre equipamentos de energia solar de quatro países do sudeste asiático. A justificativa é incentivar os fabricantes domésticos. No entanto, a associação das indústrias do setor afirmou que as taxas vão aumentar o custo desse modelo de geração energética.
Quem também reage mal ao “tarifaço” é o mercado financeiro. O dólar chegou à menor cotação frente a seis moedas estrangeiras em 3 anos, numa queda de 5,5% desde o início do mandato do republicano.
Já nas primeiras três semanas de abril, o índice Dow Jones teve queda de 9,1% — o pior desempenho em quase 100 anos.
Nesta terça, os índices de Nova York tiveram um resultado melhor diante da declaração do secretário do Tesouro de Trump, Scott Bessent, admitindo que as tarifas impostas à China são “insustentáveis”.
Bessent disse esperar uma diminuição na guerra comercial, mas destacou que as negociações com Pequim ainda não começaram.