Os embarques da safra de soja 2024/2025 pelo Maranhão já estão em andamento e devem continuar até o segundo semestre, conforme aponta a edição de abril do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O escoamento tem ocorrido majoritariamente por meio da Ferrovia Norte-Sul, consolidando a integração entre terminais logísticos e portuários e evidenciando o papel estratégico da multimodalidade no escoamento da produção agrícola.
Desde fevereiro, a soja tem sido escoada no Maranhão por meio do corredor logístico Norte, operado pela VLI, empresa responsável pela operação da Ferrovia Norte-Sul. O trajeto conecta o terminal logístico de Porto Franco ao terminal portuário de São Luís, viabilizando uma operação eficiente e integrada.
Segundo a Conab, esse sistema multimodal tem se destacado principalmente no transporte de volumes oriundos dos estados do Tocantins, Piauí e Maranhão, reforçando a importância da infraestrutura logística regional no escoamento da safra atual.
O boletim logístico da Conab prevê um aumento na produção da safra 2024/2025, o que deve intensificar ainda mais a movimentação de grãos, especialmente soja e milho, na região. Essa expansão da atividade agrícola contribui diretamente para o aquecimento da logística de transporte, tanto ferroviária quanto portuária.
A atuação da biorrefinaria Inpasa, instalada no município de Balsas, deve provocar mudanças significativas na dinâmica de oferta e demanda do milho no Maranhão. Com capacidade para processar até 1 milhão de toneladas de cereais por ano — produzindo etanol, DDGS, óleo vegetal e energia elétrica — a unidade industrial já começa a impactar o volume de milho disponível para exportação pelo Terminal Graneleiro, localizado no Porto do Itaqui.
De acordo com a Conab, a crescente demanda da Inpasa já influencia os preços regionais do milho. Na zona produtora de Nova Colinas, próxima a Balsas, a saca de 60 quilos do cereal já alcança o valor de R$ 103, reflexo direto da atuação da equipe de compras da indústria.
Esse movimento pode reduzir o volume de milho exportado e redirecionar parte da produção para atender à demanda local, alterando o fluxo logístico previsto para o mercado externo.
Com parte significativa da produção de milho sendo absorvida pela indústria local, o custo do frete também apresentou retração. No último mês, os preços caíram entre 10% e 13%. O valor médio do frete entre Balsas e São Luís gira em torno de R$ 230 por tonelada, segundo os dados do boletim.
O Porto do Itaqui, principal ponto de saída da produção agrícola maranhense, registrou o maior volume de movimentação de sua história para um mês de março. Foram movimentadas 3,293 milhões de toneladas — resultado 9,3% acima do previsto e 14% superior ao registrado no mesmo período de 2024.
Os granéis sólidos representaram 2,357 milhões de toneladas, com a soja respondendo por 1,918 milhão de toneladas, reafirmando sua liderança nas exportações do terminal.
O Maranhão avança como peça-chave na logística nacional de grãos, com a Ferrovia Norte-Sul e o Porto do Itaqui formando um elo estratégico para o escoamento da safra. A atuação da indústria de etanol no interior do Estado reforça o dinamismo do mercado interno, ao mesmo tempo em que reorganiza o fluxo de exportações. A consolidação da multimodalidade e os recordes logísticos reforçam o protagonismo da região na cadeia produtiva do agronegócio brasileiro.