Presente em lares há milênios, o mel é mais do que um adoçante natural: ele também é um dos poucos alimentos conhecidos que praticamente não estragam com o tempo. Arqueólogos já encontraram potes de mel com milhares de anos em tumbas egípcias — e o mais impressionante: ainda estavam próprios para consumo.
Segundo a nutricionista Juliana Andrade, colunista do Metrópoles, essa durabilidade impressionante se deve à combinação única de características naturais do mel. “Ele possui alta concentração de açúcares, baixa quantidade de água e um pH levemente ácido, criando um ambiente extremamente inóspito para bactérias e fungos”, explica.
O que faz o mel durar tanto?
Durante o processo de produção, as abelhas adicionam enzimas que contribuem mais para a conservação do mel. Ele contém compostos com ação antimicrobiana, o que dificulta a proliferação de micro-organismos.
“A composição rica em glicose, frutose e ácidos orgânicos, somada à presença de peróxido de hidrogênio — uma substância com ação antibacteriana — torna o mel naturalmente resistente à deterioração”, detalha Juliana.
E quando o mel cristaliza?
Muita gente acredita que a cristalização é um sinal de que o mel estragou. Na verdade, é justamente o contrário: esse processo natural costuma ocorrer em méis mais puros e com maior teor de glicose, especialmente em temperaturas mais baixas.
“Quando o mel cristaliza, ele apenas muda de textura. Seus nutrientes e propriedades continuam os mesmos. Basta aquecê-lo levemente em banho-maria para que volte ao estado líquido”, orienta a nutricionista.
Além da longa durabilidade, o mel oferece diversos benefícios para o organismo. “Ele tem propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e antimicrobianas. Pode aliviar sintomas de resfriados, dores de garganta, melhorar a digestão e até ajudar na cicatrização de feridas”, aponta Juliana.
O mel também é uma fonte de energia rápida, graças à composição de açúcares naturais, e pode ser usado como substituto mais nutritivo ao açúcar refinado — desde que consumido com moderação.
Cuidados e contraindicações
Apesar de ser natural, o mel não é indicado para todas as pessoas. Crianças menores de 2 anos não devem consumi-lo devido ao risco de botulismo infantil. “Também é importante que pessoas com diabetes tenham cautela, já que o mel impacta diretamente a glicemia”, alerta Juliana.
Indivíduos com alergia a produtos apícolas devem evitar o consumo.
Como armazenar o mel corretamente
Para manter suas propriedades e evitar contaminações, o mel deve ser armazenado em potes bem vedados, de vidro ou plástico atóxico, em local fresco, seco e protegido da luz.
“Não é necessário refrigerar, mas é fundamental evitar o contato com colheres molhadas ou sujas, pois a introdução de água pode comprometer a conservação”, finaliza a nutricionista.