Das cartas à IA: como a Fundação Seade modernizou a gestão de dados sobre SP
Ao longo de mais de quatro décadas, os dados produzidos pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) passaram de processos manuais de coleta e transporte de informações para sofisticadas plataformas digitais e soluções de inteligência artificial. Até os anos 1990, os dados demográficos dos municípios paulistas chegavam à sede da Fundação por cartas em malotes físicos – um trajeto que podia levar dias e, por vezes, atrasar a publicação de estatísticas fundamentais para o planejamento público.
Hoje, esses mesmos dados fluem em ambiente digital, permitindo análises em tempo quase real e suporte mais ágil à formulação de políticas públicas.
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“Antigamente, a maior parte dos dados nos chegava em papéis, organizados em malotes que vinham dos cartórios e prefeituras. Isso atrasava não só o processamento, mas também a transparência das informações”, relembra Magali Valente, coordenadora da biblioteca da Fundação Seade, à Agência SP. Ela atua na instituição desde 1986.
Graças a investimentos em digitalização, esses documentos – alguns datados do século XIX – foram escaneados e incorporados a uma biblioteca digital aberta ao público. “A biblioteca da Fundação Seade é um repositório de toda a informação, desde séries históricas até as análises mais recentes. Disponibilizamos anuários, boletins estatísticos e publicações acadêmicas, tudo hospedado na nossa plataforma online”, explica Magali. Esse acervo, depois de digitalizado, também segue para o Arquivo Público do Estado, garantindo preservação e acesso irrestrito.
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No ano passado, o Seade inaugurou o Centro de Ciência e Dados para Estatísticas Públicas, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Localizado na Cidade Universitária de São Paulo (USP), o novo núcleo utiliza técnicas de machine learning para acelerar a integração e a difusão de informações em até seis vezes.
O centro opera em diversas frentes, utilizando tecnologia em favor da gestão dos dados:
- Atividade econômica: indicadores em big data para monitorar o PIB estadual.
- Mercado de trabalho: análise de tendências de emprego e renda.
- Mobilidade urbana: uso de dados de telefonia móvel e sensores para mapear deslocamentos.
- Demografia e segurança: estudos sobre dinâmicas populacionais e criminalidade.
- Tecnologia e engenharia de dados: desenvolvimento de métodos para processar grandes bases.
Essas inovações não só reduzem o tempo entre coleta e publicação, mas também ampliam a qualidade e o detalhamento das estatísticas, apoiando desde pesquisas acadêmicas até decisões de gabinete.
Isso porque os dados levantados pela fundação são diretamente utilizados para formular políticas públicas, como mostrou a Agência SP. A projeção populacional, por exemplo, permite prever a estrutura etária da população, o que orienta desde o planejamento urbano até os investimentos em saúde e educação.
Outra aplicação das técnicas de machine learning é a integração de grandes volumes de dados e imagens digitalizadas de Declarações de Nascidos Vivos e Declarações de Óbito, recebidas dos cartórios de registro civil do Estado de São Paulo, ao Sistema de Estatísticas Vitais (SEV).
O resultado foi a aceleração na disseminação dessas informações, que antes ocorria anualmente e passou a ser mensal, com dados disponibilizados em dashboards e microdados armazenados para download no repositório do Seade.
A Fundação também estabeleceu parcerias com instituições como o Observatório Brasileiro de Inteligência Artificial e a Universidade de São Paulo (USP) para desenvolver projetos que utilizam inteligência artificial na produção de dados estatísticos.
Transparência
Segundo Magali Valente, a digitalização ampliou o alcance da Seade para além dos técnicos especializados, alcançando a população em geral. “Antes, muita gente sequer sabia da riqueza de informações que temos. Hoje, qualquer cidadão, servidor ou pesquisador pode acessar dados completos em nosso site, fortalecendo a transparência e a participação social.”
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