A colheita de café arábica no Brasil para a safra 2025 teve início com um cenário misto: embora a produtividade esteja abaixo da média, a qualidade dos grãos surpreende positivamente, segundo especialistas do setor ouvidos pela Reuters.
Na região do Cerrado Mineiro, onde cerca de 4% da colheita já foi realizada, entre 30% e 40% dos grãos colhidos apresentam peneira 17 a 18 – classificação próxima ao topo da escala de tamanho.
Segundo Wellis Caixeta, gerente de compras da cooperativa Expocacer, esse desempenho representa uma melhora significativa em relação aos anos anteriores.
“Está muito bom e bem melhor que nos anos anteriores”, afirmou Caixeta, ressaltando que os resultados indicam uma possível colheita com melhor produtividade em termos de volume por saca.
Além disso, ele destaca um leve aumento na proporção de grãos tipo peaberry (moka), que possuem formato arredondado e são valorizados no mercado.
De acordo com o agrônomo Jonas Ferraresso, que assessora produtores de café no Brasil, a produtividade está dentro do esperado para um ano de bienalidade negativa – quando o cafeeiro naturalmente reduz sua produção.
“É raro encontrar fazendas com alta produtividade este ano”, afirmou Ferraresso, indicando que a colheita já foi iniciada na maioria das regiões produtoras.
Fatores climáticos também pesaram: a seca no início da estação comprometeu o desenvolvimento dos grãos no terço superior das árvores, além de causar a queda precoce de frutos, o que pode afetar a qualidade final do café.
Ferraresso estima que de 20% a 30% dos grãos colhidos sejam de qualidade inferior ou apresentem defeitos, enquanto os demais 70% a 80% devem manter boa qualidade.
A StoneX, corretora especializada em commodities agrícolas, projeta uma queda de 13,5% na produção de café arábica na safra de 2025, segundo Fernando Maximiliano, gerente de inteligência de mercado da empresa no Brasil.
O ritmo da colheita ainda é lento. Ferraresso acredita que menos de 10% da safra foi colhida até o momento. Já a StoneX estima que pouco mais de 12% do volume total havia sido colhido até 26 de maio.
Com os estoques de café arábica ainda baixos, a expectativa é de maior disponibilidade do produto a partir de meados de junho. No entanto, uma frente fria prevista para os próximos dias pode atrasar o avanço da colheita.
“As previsões indicam a chegada de uma frente polar. Se isso acontecer, tudo mudará”, alertou Maximiliano.
A safra 2025 do café arábica brasileiro começa com menos volume, mas com boas perspectivas quanto à qualidade dos grãos. Apesar da bienalidade negativa e dos impactos do clima, o mercado se mostra atento à recuperação da oferta nos próximos meses e às influências das condições climáticas sobre o ritmo da colheita.