Nossos oceanos guardam segredos que rivalizam com os mais fantásticos universos da ficção científica, e uma nova descoberta na Antártida comprova isso.
Cientistas encontraram uma criatura marinha enigmática, com 20 braços adaptados para se agarrar ao fundo do mar.
Ela habita profundidades entre 66 e 1.170 metros, desafiando nossa compreensão sobre a vida nas águas geladas do planeta. Os detalhes do estudo foram publicados na revista “Invertebrate Systematics“.
Batizado cientificamente como Promachocrinus fragarius e apelidado de “estrela-de-pena-de-morango-da-antártida” devido ao formato singular de seu corpo, este animal pertence à classe Crinoidea, que engloba equinodermos como estrelas-do-mar e ouriços-do-mar.
Seus numerosos apêndices, alguns descritos como irregulares e outros plumosos, podem atingir até 20 centímetros de comprimento, conferindo-lhe uma aparência notável e auxiliando em sua locomoção no fundo do oceano.
O nome “fragarius” tem origem na palavra latina “fragum“, que significa morango, uma alusão clara à pequena protuberância no ápice dos braços da criatura que se assemelha à fruta.
As saliências circulares no corpo representam os pontos de fixação dos cirros, estruturas menores e semelhantes a tentáculos que normalmente se projetam da base.
Anteriormente, acreditava-se que o gênero Promachocrinus contava com apenas uma espécie conhecida (Promachocrinus kerguelensis).
Porém, durante expedições de pesquisa no Oceano Antártico, entre 2008 e 2017, uma equipe de cientistas descobriu não apenas o Promachocrinus fragarius, mas também outras três novas espécies desse grupo.
Um crinoide é um animal marinho pertencente ao filo Echinodermata, o mesmo filo das estrelas-do-mar, ouriços-do-mar, bolachas-da-praia e pepinos-do-mar. Eles compõem a classe Crinoidea.
Frequentemente chamados de “lírios-do-mar” devido à sua aparência, muitos crinoides possuem um corpo em forma de cálice (teca), do qual partem braços ramificados e plumosos. Esses braços são cobertos por pequenos apêndices chamados pínulas.
Existem dois tipos principais de crinoides vivos:
Os crinoides são animais muito antigos, com um extenso registro fóssil que remonta ao Cambriano médio, há cerca de 530 milhões de anos.
Eles foram extremamente abundantes durante o Paleozoico e o Mesozoico, formando até mesmo rochas calcárias compostas principalmente por seus restos (encrinitos).
Atualmente, existem algumas centenas de espécies vivas, habitando todos os oceanos, desde a zona entremarés até profundidades abissais de mais de 6.000 metros.
A alimentação desses animais é por filtração. Eles estendem seus braços e pínulas na corrente de água para capturar plâncton e partículas orgânicas em suspensão.
Pequenos pés tubulares (pódios) cobertos de muco nas pínulas retêm o alimento, que é então transportado por cílios ao longo de sulcos nos braços até a boca, localizada na parte superior do cálice.