Líderes empresariais bilionários estão se voltando contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por seu plano de impor um conjunto colossal de tarifas aos parceiros comerciais do país, à medida que as perdas se acumulam nas bolsas de valores ao redor do mundo.
O investidor bilionário Bill Ackman, que apoiou a candidatura de Trump à presidência em 2024, alertou no último domingo (6) que levar adiante as novas tarifas seria equivalente a lançar uma “guerra nuclear econômica”.
Na quarta-feira (2), Trump anunciou que imporia tarifas “recíprocas” significativamente mais altas a dezenas de países que têm os maiores déficits comerciais com os EUA.
Em uma publicação na rede X, Ackman afirmou que “os investimentos empresariais vão parar, e os consumidores vão fechar as carteiras” se as novas tarifas realmente entrarem em vigor.
“Vamos prejudicar seriamente nossa reputação com o resto do mundo, e levará anos ou até décadas para recuperá-la”, acrescentou. A publicação já havia sido visualizada 10,6 milhões de vezes.
A menos que Trump mude de rumo, “estamos caminhando para um inverno nuclear econômico autoinfligido, e devemos começar a nos preparar”, alertou Ackman, CEO da Pershing Square Capital Management.
“Qual CEO e qual conselho de administração se sentiriam confortáveis em fazer compromissos econômicos grandes e de longo prazo nos EUA em meio a uma guerra econômica nuclear?”, questionou, acrescentando que “o presidente está perdendo a confiança dos líderes empresariais ao redor do mundo”.
A tarifa básica de 10% sobre todas as importações de bens para os EUA já entrou em vigor no sábado (5), e dezenas de economias se preparam para tarifas ainda mais altas a partir de quarta-feira.
Entre os países mais atingidos estão a China e a União Europeia, que enfrentarão novas tarifas de, respectivamente, 34% e 20%.
Outros bilionários e empresários ricos também criticaram abertamente a agenda tarifária de Trump nos últimos dias, à medida que o medo de seus impactos econômicos toma conta dos mercados.
Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, alertou na segunda-feira que as tarifas podem elevar os preços, levar a economia global à recessão e enfraquecer a posição dos EUA no mundo.
“As tarifas recentes provavelmente aumentarão a inflação e estão fazendo muitos considerarem uma maior probabilidade de recessão”, escreveu Dimon em sua carta anual aos acionistas.
“Ainda é uma dúvida se o pacote de tarifas causará uma recessão, mas ele certamente desacelerará o crescimento.”
O bilionário Stanley Druckenmiller, fundador da Duquesne Family Office, uma empresa de investimentos, publicou na rede X, na segunda-feira, que “não apoia tarifas acima de 10%”. Segundo o Bloomberg Billionaires Index, Druckenmiller tem uma fortuna estimada em US$ 11 bilhões.
Mais tarde, no mesmo dia, o bilionário Ken Fisher, fundador e presidente executivo da Fisher Investments, também criticou as tarifas: “O que Trump anunciou na última quarta-feira é estúpido, errado, arrogantemente extremo, ignorante em termos comerciais e direcionado a um problema inexistente com ferramentas equivocadas. Mas, pelo que posso perceber, isso vai desaparecer e fracassar, e o medo é maior do que o problema — o que, daqui, é um sinal de alta”.
Fisher observou que não costuma comentar ações presidenciais em público, “mas sobre tarifas, Trump passou muito dos limites”.
Até Elon Musk — o homem mais rico do mundo e um dos maiores aliados de Trump — disse no domingo que espera uma “situação de tarifa zero” entre Europa e EUA.
Em entrevista por videoconferência com o vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, Musk afirmou que gostaria de ver a criação de uma zona efetiva de livre comércio entre a Europa e a América do Norte.
Ecoando Ackman, Simon MacAdam, economista-chefe adjunto da consultoria Capital Economics, afirmou que empresas provavelmente vão adiar investimentos devido, em grande parte, à “pura incerteza” da política tarifária de Trump.