O assassinato de um líder importante de milícia desencadeou conflitos entre facções rivais em Trípoli, capital da Líbia. Abdulghani Kikli, conhecido como Ghaniwa, foi morto na segunda-feira (12).
Segundo testemunhas, os confrontos, que foram os mais intensos em anos, abalaram a cidade pela segunda noite seguida e continuaram até a manhã desta quarta-feira (14).
A missão das ONU na Líbia, a UNSMIL, afirmou estar “profundamente alarmada com a escalada da violência em bairros densamente povoados de Trípoli” e pediu urgentemente um cessar-fogo.
Os recentes confrontos na capital da Líbia podem consolidar o poder de Abdulhamid al-Dbeibah, primeiro-ministro do Governo de Unidade Nacional (GNU), que é dividido e aliado da Turquia.
A Líbia enfrenta instabilidade desde que uma revolta apoiada pela Otan, a aliança militar ocidental, em 2011 derrubou o autocrata Muammar Gaddafi.
O país se dividiu em 2014 entre facções rivais orientais e ocidentais, embora o início de uma grande guerra tenha sido interrompido com uma trégua em 2020.
Além de ser uma grande exportadora de energia, a Líbia também é um importante ponto de passagem para imigrantes com destino à Europa.
O conflito do país atraiu a atenção potências estrangeiras, incluindo Turquia, Rússia, Egito e Emirados Árabes Unidos.
Suas principais instalações petrolíferas estão localizadas no sul e leste, longe dos atuais conflitos em Triopli.
Enquanto o leste do país é dominado há uma década pelo comandante Khalifa Haftar e o Exército Nacional Líbio (LNA), o controle na capital e no oeste da Líbia foi fragmentado entre inúmeras facções armadas.
Abdulhamid al-Dbeibah, primeiro-ministro do Governo de Unidade Nacional, ordenou na terça-feira (13) o desmantelamento do que chamou de grupos armados irregulares.
Esse anúncio ocorre após o assassinato, na segunda-feira (12), do chefe de milícia e a derrota repentina de seu grupo, o Aparelho de Apoio à Estabilização (ASA), por facções alinhadas a Dbeibah.
A tomada do território da SSA na Líbia pelas facções aliadas de Dbeibah, as Brigadas 444 e 111, indicou uma grande concentração de poder na capital fragmentada, deixando a Força Especial de Dissuasão (Rada) como a última grande facção não intimamente ligada ao primeiro-ministro.