As pessoas não estão mais fazendo tantas amizades no Facebook hoje em dia. O iPhone talvez não pareça necessário em uma década. E as pesquisas do Google em um dos smartphones mais populares do mundo estão diminuindo.
Essas foram algumas das admissões excepcionalmente francas de dois julgamentos antitruste separados contra a Meta e o Google. Foi um raro reconhecimento, por parte dos líderes tecnológicos, de que os produtos de vanguarda nos quais suas empresas foram fundadas poderiam, algum dia, perder sua relevância.
O Vale do Silício se orgulha da inovação, da mudança e de uma busca constante por encontrar “a próxima grande novidade”.
A corrida pela relevância é constante.
Ainda assim, as admissões ressaltam a pressão crescente que os gigantes da tecnologia enfrentam em meio às novas ameaças da inteligência artificial e dos novos aplicativos de mídia social — e à rapidez com que qualquer produto pode ser deixado para trás.
A Apple não respondeu ao pedido de comentário da CNN. Um porta-voz do Google apontou para as declarações públicas da empresa, enquanto um porta-voz da Meta direcionou a CNN para respostas específicas do depoimento do CEO Mark Zuckerberg no tribunal.
Os três gigantes da tecnologia ajudaram a moldar a Web moderna nas últimas duas décadas.
O mecanismo de busca do Google triunfou no final dos anos 90 e início dos anos 2000 devido ao seu sistema de classificação dos resultados por relevância e importância, em vez de classificá-los por tópico.
E a Meta, empresa controladora do Facebook, é a grande responsável por transformar as plataformas sociais em um feed viciante de curtidas, comentários e outras interações.
O que impulsionou essas duas tendências foi o smartphone, permitindo que os usuários acessassem esses serviços de praticamente qualquer lugar, algo que a Apple preparou com o primeiro iPhone em 2007.
O sucesso desses produtos catapultou a Apple, o Google e a Meta para mega-valorizações. Mas, durante o depoimento no tribunal, os executivos indicaram que os consumidores estão perdendo o interesse em algumas das tarefas para as quais o Facebook e o Google foram inicialmente criados.
Eddy Cue, vice-presidente sênior de serviços da Apple, revelou na semana passada que as consultas de pesquisa do Google em seus dispositivos diminuíram pela primeira vez no mês passado, de acordo com a Bloomberg. Os comentários foram feitos durante seu depoimento no julgamento antitruste do Departamento de Justiça contra o Google. (O Google paga à Apple para ser o mecanismo de busca padrão no navegador Safari do fabricante do iPhone).
Esse é outro sinal de que os consumidores podem estar mudando para chatbots com IA para cumprir algumas das funções de um mecanismo de busca tradicional. A empresa de pesquisa de mercado Gartner estimou, no ano passado, que o volume dos mecanismos de busca cairia 25% até 2026, à medida que os consumidores se voltassem para as ferramentas de IA.
O Google disse em um comunicado na quarta-feira que continua “a ver o crescimento geral de consultas na pesquisa”, e isso inclui “um aumento no total de consultas provenientes de dispositivos e plataformas da Apple”.
A Meta também está vendo os consumidores se afastarem de seu caso de uso original: adicionar amigos e compartilhar conteúdo.
“A quantidade de conteúdo que as pessoas compartilham com amigos no Facebook, especialmente, tem diminuído”, disse o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, durante um julgamento em abril de um processo antitruste movido pela Comissão Federal de Comércio.
“Até mesmo a quantidade de novos amigos que as pessoas adicionam… acho que está diminuindo. Mas não sei os números exatos.”
Em vez disso, Zuckerberg disse que a empresa registrou um grande aumento nas mensagens diretas.