A elevação nos preços dos fertilizantes fosfatados em 2025, provocada por uma combinação de fatores internacionais, evidencia os entraves logísticos do Brasil. A análise é de Felipe Coutas, presidente da Itafos no Brasil, que destaca os desafios enfrentados pelo país para garantir o abastecimento e a competitividade do setor agrícola.
Dados do Green Gubre Group mostram que, apenas entre fevereiro e março deste ano, o preço do fosfato diamônico (DAP) subiu de US$ 640 para US$ 655 por tonelada, uma alta de 2,3%. No mesmo período, o fosfato monoamônico (MAP) passou de US$ 420 para US$ 428 por tonelada, aumento de 1,9%.
Essas variações refletem uma conjuntura internacional mais complexa, marcada pela redução nas exportações de grandes produtores, aumento no custo do frete marítimo e forte demanda da indústria de baterias de lítio-ferro-fosfato (LFP), que também consome fósforo.
Além do cenário internacional, os gargalos internos contribuem para o agravamento da situação. Segundo um levantamento da EsalqLog/USP, o custo médio de transporte de fertilizantes no Brasil cresceu 20% em uma série histórica deflacionada de 12 anos. Em 2010, 60% da demanda nacional era atendida por importações — número que saltou para mais de 80% em 2022.
Apesar do aumento de 23% no uso das ferrovias entre 2010 e 2022, o crescimento da demanda por fertilizantes (mais de 80%) manteve o transporte rodoviário como principal modal. Isso resulta em custos elevados, maior vulnerabilidade a oscilações sazonais e gargalos operacionais, principalmente nos períodos de pico de importação entre setembro e outubro.
Em meio a esse cenário, a localização das plantas industriais próximas às jazidas de fosfato se mostra uma alternativa logística eficiente. Esse modelo permite integrar verticalmente a operação — da extração à industrialização —, reduzindo custos de transporte e garantindo maior agilidade no abastecimento.
Além disso, o encurtamento das rotas logísticas contribui para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa, alinhando a produção às práticas de sustentabilidade.
Para Coutas, o Brasil precisa investir de forma estratégica no fortalecimento da produção nacional e na modernização da infraestrutura logística. A superação dos gargalos atuais é essencial para garantir segurança no fornecimento de insumos, reduzir a dependência externa e assegurar previsibilidade e competitividade ao agronegócio.