O Airbnb observou uma queda na chegada de turistas estrangeiros aos Estados Unidos nos últimos meses, avaliou a CFO global da empresa, Ellie Mertz, em entrevista exclusiva à CNN Brasil.
A queda na entrada de estrangeiros no país é reflexo de um ambiente macroeconômico instável e do impacto das tarifas comerciais anunciadas pelo governo do presidente Donald Trump.
A CFO destaca ainda que os viajantes que deixaram de escolher os Estados Unidos como destino estão redirecionando suas viagens para outros mercados. Para o Airbnb, isso acaba mantendo a demanda ativa dentro da plataforma, com mudança apenas de localidades.
“Os turistas que estão deixando de vir aos Estados Unidos ainda estão viajando para outros lugares. Por exemplo, canadenses estão viajando de forma doméstica e escolhendo outros destinos como México, Brasil, França, Japão. Então nossa plataforma está redistribuindo a demanda para outros mercados”, afirmou Mertz.
Sobre o “tarifaço” do presidente americano, a CFO minimizou os impactos no setor de aluguéis por temporada, mas disse notar mudanças no turismo de forma geral.
“As novas tarifas anunciadas não afetam diretamente o setor de hospedagens, mas certamente, a volatilidade macroeconômica pode impactar os padrões de viagem”, declarou.
A executiva também acenou aos investidores. “Mesmo diante disso tudo, sentimos que estamos na posição de entregar mais um trimestre forte”.
Segundo Mertz, apesar da queda na entrada de turistas internacionais no país, o impacto para o Airbnb é limitado, já que esse fluxo representa apenas uma fatia pequena do volume global da plataforma.
“Temos visto uma queda relacionada à chegada de turistas de fora do país aos Estados Unidos, mas isso não impacta muito nosso negócio. O turismo de estrangeiros para lá é uma porção muito pequena do nosso negócio, aproximadamente 2% a 3% do nosso total”.
A mudança nos padrões de viagem coincide com um esforço mais amplo do Airbnb de fortalecer sua presença global e diversificar seus mercados prioritários. A empresa tem investido especialmente em regiões como América do Sul e Ásia, onde a variação cambial favorece o turismo local ou regional.
A América Latina tem ganhado espaço na estratégia global do Airbnb, com destaque para o Brasil, que se tornou um dos mercados mais promissores da plataforma. Após os impactos da pandemia, a empresa decidiu reforçar a atuação na região, com foco na adaptação local e ampliação de serviços.
“Depois da pandemia, decidimos focar na região, particularmente no Brasil. Investimos muito em marketing no país e atualizamos nossa oferta de pagamento e o próprio produto para torná-lo mais relevante para a população brasileira”, disse Ellie Mertz.
A CFO também revelou que os esforços têm gerado bons resultados: “O Brasil é atualmente um dos mercados com maior crescimento global. Estamos vendo um aumento muito forte nas reservas e na chegada de novos usuários testando nosso serviço.”
Em relação aos desafios impostos por legislações locais, Mertz afirmou que a empresa adota uma postura colaborativa com governos e administrações municipais ao redor do mundo.
“O que temos feito globalmente é tentar trabalhar com cada cidade individualmente para entender preocupações específicas em relação ao aluguel por curto período”, explicou.
Segundo a executiva, o objetivo é construir um modelo de regulação que atenda às necessidades das cidades, mas que também não inviabilize o trabalho dos anfitriões.
“Tentamos achar a melhor regulação, que permita que a cidade resolva suas preocupações, mas também permita que nossos hosts tenham sucesso nesses mercados”, concluiu.
*A CNN viajou a Los Angeles a convite do Airbnb.