19/04/2025 - 02:15
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Lagartas resistentes à tecnologia Viptera elevam uso de inseticidas em lavouras de milho e algodão

Há uma década integrando o corpo técnico do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMA), o entomologista Jacob Crosariol Netto chama a atenção para o aumento na ocorrência de lagartas em cultivos com a biotecnologia Viptera, tanto no milho quanto no algodão. Segundo o especialista, a quebra de eficácia dessa tecnologia tem sido observada com frequência, com registros recentes na Bahia e, mais intensamente, na última safra de Mato Grosso.

“Este ano, com o início do plantio do milho ‘Vip’, já identificamos uma grande proporção de áreas afetadas”, afirma o pesquisador. O cenário, segundo ele, representa um desafio para o produtor, que já arca com o custo do royalty da semente e agora precisa realizar de duas a três aplicações de inseticidas adicionais para o controle das lagartas. “Como o preço do milho é muito volátil, essa situação preocupa”, ressalta.

A necessidade crescente de intervenções químicas em biotecnologias que antes garantiam controle eficaz das principais pragas — como Helicoverpa armigera e Spodoptera frugiperda — acarreta custos extras por hectare, impactando diretamente a rentabilidade das lavouras.

Dados recentes da consultoria Kynetec corroboram a gravidade do problema. Na safra 2023/24, a biotecnologia Viptera foi utilizada em 78% da área de milho cultivada em Mato Grosso, o equivalente a cerca de 6,9 milhões de hectares.

Diante desse cenário, o pesquisador enfatiza a importância do monitoramento constante. “É essencial identificar o início da infestação e acompanhar sua evolução. Ao atingir o nível de controle, será necessário o uso de inseticidas”, explica Crosariol Netto.

Ele também destaca que o controle das lagartas resistentes tem se mostrado mais eficiente com o uso combinado de inseticidas químicos e biológicos — entre eles, os baculovírus. “Hoje, no manejo de lagartas, os baculovírus são uma das principais ferramentas biológicas disponíveis”, pontua.

Outro recurso complementar são os atrativos alimentares, que podem ser aplicados em faixas com inseticida para atrair mariposas e, assim, reduzir a população adulta e a posterior infestação por lagartas. “É uma ferramenta útil no manejo integrado”, acrescenta.

Segundo Crosariol Netto, entre os meses de março e abril, o volume de chuvas diminui nas principais regiões produtoras de Mato Grosso, o que favorece a proliferação de lagartas. A perda de resistência da tecnologia Viptera, sobretudo à Spodoptera frugiperda, tem sido registrada em diferentes áreas do estado, como Vale do Araguaia, BR-163, Primavera do Leste e Serra da Petrovina.

“A resistência de lagartas à tecnologia Viptera é uma realidade”, reforça o entomologista, alertando para o elevado potencial de dano da praga. “A Spodoptera pode comprometer rapidamente a lavoura de milho. Se o controle falhar, o prejuízo pode chegar a 100%”, afirma.

De acordo com o especialista, uma nova biotecnologia com maior eficácia contra essas lagartas só deve ser disponibilizada por volta de 2030. Até lá, o produtor precisará adotar estratégias de manejo integradas, incluindo a rotação de inseticidas químicos e biológicos.

Com sede em Primavera do Leste (MT), o IMA é uma entidade sem fins lucrativos e referência nacional no agronegócio. Atua em diferentes áreas da fronteira agrícola e mantém departamentos voltados à Fitopatologia, Entomologia, Proteção de Plantas, Plantas Daninhas, Sementes e Sistemas de Produção.

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