21/04/2025 - 00:40
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Mercado de Café: Expectativas de Alta Apesar das Oscilações

O mercado de café, embora tenha enfrentado flutuações nos últimos dias, pode continuar sua trajetória de alta, especialmente diante da sensibilidade a qualquer interrupção na oferta. Os atuais níveis de estoques estão abaixo do esperado, tanto nos países produtores quanto nos consumidores.

Na semana passada, os contratos futuros de café sofreram quedas após alcançarem recordes históricos no início do período, influenciados por chuvas em algumas regiões cafeeiras do Brasil. Contudo, segundo Laleska Moda, analista de Café da Hedgepoint Global Markets, “os fundamentos ainda mostram suporte aos preços, pois o volume de chuvas foi baixo, mas pode induzir à floração. Isso eleva o risco de impactos negativos na safra 2025/26, considerando que as previsões para as próximas semanas indicam chuvas escassas e altas temperaturas”.

Além dos preços em queda, a umidade do solo em grande parte das regiões cafeeiras permanece abaixo da média, e em alguns casos, até mesmo abaixo das mínimas históricas. Essa situação aumenta ainda mais o risco no mercado de café, especialmente uma vez que as adversidades climáticas já afetaram a produção da safra 2024/25.

Em um recente relatório, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para baixo suas estimativas da safra 2024/25, reduzindo em cerca de 4 milhões de sacas, totalizando 54,8 milhões de sacas. Essa revisão inclui quedas nas previsões para os grãos arábica, que agora somam 39,5 milhões de sacas, e conilon, que totalizam 15,2 milhões de sacas, refletindo as condições climáticas desfavoráveis durante o ciclo de desenvolvimento das lavouras.

“Nossas estimativas apontam para uma produção de 63 milhões de sacas na safra 2024/25 (43 milhões de arábica e 20 milhões de conilon), o que representa uma redução de 3 milhões de sacas em relação à safra 2023/24”, ressalta Laleska.

Além do Brasil, a expectativa em relação à safra vietnamita de 2024/25 — que deve começar em outubro nas regiões de arábica e em novembro nas de robusta — também mantém o mercado em alerta. “A seca e as altas temperaturas previstas até meados de 2024 podem impactar a produção total, com nossas estimativas em 27 milhões de sacas, uma ligeira queda em relação à safra 2023/24, que já era menor. A passagem do tufão Yagi pelo país e a presença ativa do fenômeno La Niña geram preocupações sobre padrões climáticos mais úmidos que o normal, afetando a qualidade dos grãos e o ritmo da colheita”, acrescenta.

A combinação da menor colheita brasileira e vietnamita em 2024/25 deve contribuir para o quarto ano consecutivo de déficit global de café, o que poderá sustentar os preços nos próximos meses.

Outro fator que oferece suporte aos preços, pelo menos temporariamente, é o baixo nível dos estoques, tanto nas origens quanto nos destinos. Apesar do recente aumento nas exportações brasileiras e da recuperação dos estoques europeus, os níveis globais ainda estão abaixo das médias históricas. “Esperamos que os estoques nas origens continuem diminuindo até o final da safra 2024/25. Nos destinos, pode haver um leve aumento, uma vez que os países devem importar mais nesta temporada para reabastecer seus estoques, que alcançaram níveis historicamente baixos em 2023/24”, analisa.

Entretanto, Laleska adverte que o comércio mundial enfrenta desafios significativos, como a escassez de contêineres, atrasos nos embarques no Porto de Santos (o maior do Brasil), conflitos no Mar Vermelho e preocupações com uma possível greve nas linhas de navegação dos EUA, fatores que podem gerar volatilidade nos preços.

Por fim, o cenário macroeconômico também apresenta elementos que podem influenciar o mercado a longo prazo. O recente corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros do Federal Reserve (Fed) pode impactar as commodities, com a redução da taxa para o intervalo de 4,75% a 5,0% podendo desvalorizar o dólar americano, o que geralmente favorece os preços das commodities.

Em resumo, os preços futuros do café caíram nos últimos dias, refletindo em parte as chuvas nas áreas cafeeiras do Brasil. Contudo, mesmo com possíveis correções ao longo de 2024, a tendência geral é de alta, principalmente em função dos riscos climáticos. No Brasil, as previsões indicam baixos níveis de precipitação e altas temperaturas para o restante de setembro, elevando o risco de impactos negativos no desenvolvimento da safra 2025/26. No Vietnã, após um início seco e quente em 2024, surgem preocupações com precipitações acima do esperado, que podem comprometer a colheita e a qualidade da safra 2024/25.

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