As queimadas que têm devastado diversas regiões do Brasil estão causando um impacto considerável na economia, com efeitos notáveis no setor alimentício. A destruição de áreas agrícolas e pastagens, além de prejudicar a qualidade do ar, está afetando diretamente o cultivo de alimentos e a criação de gado. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) indicam que o número de focos de incêndio em 2024 já supera a média dos últimos cinco anos.
Esse cenário alarmante não compromete apenas as áreas naturais, mas também zonas produtivas essenciais para a produção de grãos, frutas, vegetais e carne bovina. A combinação de falta de chuva, altas temperaturas e manejo inadequado do solo intensifica os incêndios, que frequentemente se alastram para propriedades rurais.
Gustavo Defendi, especialista em inteligência de mercado e negócios com mais de 20 anos de experiência no mercado de cestas básicas, alerta que os efeitos das queimadas ainda não foram completamente incorporados aos preços dos alimentos, mas adverte que os impactos serão inevitáveis e deverão pressionar os preços em todo o país.
Defendi destaca que, embora o mercado ainda não tenha ajustado os preços para refletir totalmente os danos causados, a previsão é de um aumento significativo nos custos dos alimentos nas próximas semanas. O atraso na percepção dos efeitos econômicos se deve à complexidade de avaliar em tempo real as perdas na produção agrícola e os impactos nas cadeias de abastecimento.
“Além da perda imediata de produtividade, as áreas afetadas enfrentarão desafios no manejo das próximas safras, o que inevitavelmente se refletirá nos preços ao consumidor final”, explica Defendi. Ele também observa que a degradação ambiental, como a perda de solo e a redução da biodiversidade, pode levar anos para ser revertida, comprometendo a sustentabilidade das atividades agrícolas no longo prazo.
“Os consumidores devem se preparar para um aumento de preços que pode não ser apenas temporário, mas prolongado, dependendo da recuperação das áreas afetadas e das condições climáticas futuras”, completa.
Essas previsões chegam em um momento crítico, quando a inflação dos alimentos já está pressionando as famílias brasileiras. A expectativa é que o impacto das queimadas torne ainda mais desafiador o controle dos preços, forçando o mercado a ajustar suas estratégias e os consumidores a modificar seus hábitos de compra.
