O mercado de trigo no Brasil permaneceu em baixa atividade durante o mês de agosto, com poucos negócios reportados, conforme apontam especialistas. De acordo com análise da Safras & Mercado, a produção de trigo no Paraná, um dos principais estados produtores, sofreu uma queda significativa, impactando diretamente o abastecimento do mercado.
No Paraná, os negócios mais recentes foram fechados entre R$ 1.380 e R$ 1.400 por tonelada. No Rio Grande do Sul, o trigo da safra passada está sendo cotado em torno de R$ 1.300 por tonelada. Para a safra nova, que começa a ser colhida entre novembro e dezembro de 2024, os preços indicativos para o trigo com PH 78 são de R$ 1.280 por tonelada, com pagamento previsto para o final de janeiro de 2025. No mercado FOB interior, os valores variam entre R$ 1.150 e R$ 1.200 por tonelada, dependendo do local de embarque, com entrega programada para outubro de 2024 e pagamento em até 40 dias.
A Safras & Mercado divulgou uma nova estimativa de produção de trigo para 2024, prevendo uma colheita de 8,133 milhões de toneladas. Esse número é inferior à previsão anterior de 8,855 milhões de toneladas e representa uma queda de 4,3% em comparação com as 8,5 milhões de toneladas colhidas no ano passado.
A diminuição da produção é principalmente atribuída à quebra de safra no Paraná, onde a expectativa é de uma colheita de 2,688 milhões de toneladas, bem abaixo das 3,6 milhões esperadas anteriormente e das 3,65 milhões colhidas em 2023. A produtividade no estado deve atingir 2.337 quilos por hectare, uma redução de 10,4% em relação ao ano passado, em uma área semeada de 1,15 milhão de hectares.
No Rio Grande do Sul, por outro lado, a produção de trigo deve alcançar 4 milhões de toneladas, em uma área de 1,28 milhão de hectares, com produtividade estimada em 3.125 quilos por hectare, um aumento expressivo de 43,8% em relação ao ano anterior, que foi marcado por uma significativa quebra de safra.
Elcio Bento, analista da Safras & Mercado, destaca que as adversidades climáticas têm impactado a produção de trigo no Brasil pelo terceiro ano consecutivo. “Após duas safras prejudicadas pelo excesso de chuvas durante a colheita, que resultaram em perdas, especialmente na qualidade do grão, a safra atual está sendo afetada pela falta de chuvas e pela ocorrência de geadas”, explicou Bento.
Até o momento, menos de 10% das lavouras de trigo no Brasil foram colhidas. “Com uma grande parte das plantações ainda no campo, novas perdas não podem ser descartadas”, alertou o analista.
De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Paraná, a previsão de safra para o estado é de 3,143 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 14% em relação à produção de 2023, que foi de 3,6 milhões de toneladas, e uma queda de 17% em relação ao potencial esperado para a safra atual, que era de 3,8 milhões de toneladas. A seca tem sido o principal desafio no Norte do Paraná, onde a colheita já foi iniciada.