O mais novo navio de guerra da Coreia do Norte foi severamente danificado durante uma cerimônia de lançamento na quarta-feira (21), com a presença do líder do país, Kim Jong-un, que testemunhou o acidente.
Segundo ele, o ocorrido envergonhou o prestígio da nação e prometeu punir os responsáveis, informou a mídia estatal.
Em uma rara admissão de falha, a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA na sigla em inglês) relatou que um mau funcionamento no mecanismo de lançamento fez com que a popa do contratorpedeiro de cinco mil toneladas, deslizasse para dentro da água, esmagando partes do casco e deixando a proa encalhada na plataforma.
Kim chamou a falha no lançamento de “um ato criminoso” e atribuindo a um “absoluto descuido” e à “irresponsabilidade” de diversas instituições estatais, incluindo o Departamento da Indústria de Munições, a Universidade de Tecnologia Kim Chaek e o escritório central de projetos de navios.
Conforme uma análise militar sul-coreana, o navio está tombado na água, relatou o porta-voz do Estado-Maior Conjunto (JCS), Lee Sung-joon, durante uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (22).
Analistas navais explicaram que os danos sofridos por um navio em caso de mau funcionamento do lançamento poderiam ser “catastróficos”. A mídia estatal não divulgou imediatamente imagens do acidente.
“Se o navio não se mover em conjunto, as tensões romperão o casco”, disse Sal Mercogliano, professor da Universidade Campbell, na Carolina do Norte, e especialista marítimo, à CNN.
O analista naval Carl Schuster, no Havaí, após analisar o relatório da KCNA, afirmou que acredita que as tensões “deformariam o casco, induziriam rachaduras e (possivelmente) quebrariam a quilha, dependendo de onde a maior tensão incidisse”.
O fracasso no lançamento representa um retrocesso para o que os analistas consideram o esforço de modernização naval mais ambicioso da Coreia do Norte em décadas.
O navio seria a segunda grande embarcação de superfície da Marinha a ser revelado em rápida sucessão pela Coreia do Norte.
Em abril, Kim revelou o Choe Hyon, o primeiro contratorpedeiro recém-construído do país em décadas, e declarou sua ambição de construir mais contratorpedeiros e diversos cruzadores e fragatas.
O Choe Hyon, descrito como um navio de guerra de “nova geração”, foi apresentado com grande alarde, com a mídia estatal afirmando que ele fortaleceria a prontidão naval em meio ao que Pyongyang chama de ameaças crescentes dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.
Analistas de defesa ocidentais observaram que o Choe Hyon marcou um distanciamento dos antigos navios da era soviética que dominavam a Marinha Popular da Coreia.
Embora os detalhes ainda sejam escassos, imagens de satélite e filmagens sugeriram que o Choe Hyon poderia compartilhar elementos de design com navios semelhantes da Marinha russa.
Lee, o porta-voz militar sul-coreano, declarou que se acreditava que o navio danificado na quarta-feira (21) fosse equipado como o Choe Hyon.
O ocorrido de quarta-feira pode lançar dúvidas sobre a capacidade do país de expandir sua marinha. Kim afirmou que os danos seriam resolvidos não somente por meio de reparos técnicos, mas também por meio de responsabilização política.
Ele ordenou a restauração do contratorpedeiro antes da sessão plenária do Partido dos Trabalhadores, no final de junho, classificando como uma questão de honra nacional.
No entanto, considerando o potencial grau de danos, analistas disseram que seria quase impossível cumprir o prazo de Kim.
O almirante aposentado sul-coreano Kim Duk-ki disse à CNN que a Coreia do Norte parecia não ter a infraestrutura necessária — uma doca seca — para lançar um contratorpedeiro de cinco mil toneladas, muito menos para recuperá-lo e repará-lo.
Uma doca seca é uma bacia que pode ser preenchida com água para flutuar um navio ou drenada para construir ou reparar um.