22/05/2025 - 15:10
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Lixo espacial pode cair em áreas habitadas? Entenda os riscos reais

No último dia 14 de maio, um fenômeno luminoso intrigou moradores de diversas regiões do Brasil. A explicação para o espetáculo celeste está no retorno de detritos espaciais à atmosfera terrestre – uma ocorrência que, segundo o astrônomo Ricardo Ogando, do Observatório Nacional, tem se tornado cada vez mais comum.

“Eventos como o que foi visto no Brasil ocorrem algumas vezes por ano e estão se tornando mais frequentes com o aumento das atividades espaciais”, afirma à CNN.

De acordo com o especialista, acredita-se que o evento de maio esteja relacionado ao corpo de um foguete Falcon 9, da SpaceX, lançado em 2014. Após mais de uma década em órbita, ele entrou em processo de decaimento, até que seus fragmentos causaram o fenômeno visível.

Ogando explica que detritos como esse são monitorados por diversos países, já que a informação tem valor estratégico. No Brasil, o Observatório do Pico dos Dias, localizado no sul de Minas Gerais, possui um telescópio dedicado a esse tipo de vigilância, em parceria com a Agência Espacial Russa.

A maioria dos detritos espaciais se desintegra ao reentrar na atmosfera, liberando elementos químicos – principalmente metais – sobre diferentes regiões do planeta. “Mas é algo a se ficar de olho. A principal preocupação com esses detritos é uma colisão entre eles e um artefato em órbita produzir uma reação em cadeia como vista no filme Gravidade, com Sandra Bullock“, alerta. 

Um cenário assim poderia “destruir diversos satélites em operação e criar uma nuvem de resíduos tão densa que inviabilizaria o lançamento de novos equipamentos ao espaço”, pontua o astrônomo.

Em casos de decaimento controlado, como o da antiga estação espacial Mir, os objetos costumam ser direcionados ao chamado “cemitério de espaçonaves”, localizado no Ponto Nemo – região do Oceano Pacífico mais distante de qualquer terra firme. “Concentrar materiais ali certamente impacta a vida marinha”, ressalta.

De acordo com Ogando, o Brasil também pode gerar lixo espacial. “Qualquer país com atividade espacial pode produzir detritos”, esclarece. Atualmente, os principais responsáveis são Estados Unidos, Rússia, China e Índia. Em 2007, por exemplo, a China realizou um teste com um míssil antissatélite que resultou em um aumento expressivo da quantidade de fragmentos orbitando o planeta.

Apesar de existirem tratados internacionais sobre o tema, Ogando destaca que “nem sempre as responsabilidades estão bem definidas”. Ainda assim, ele tranquiliza a população: a chance de detritos caírem em áreas habitadas é extremamente baixa.

Casos mais preocupantes, porém, já ocorreram. O astrônomo lembra da sonda russa Kosmos 482, lançada nos anos 1970 com destino a Vênus, que reentrou na atmosfera recentemente. Por ser resistente ao calor, havia receio de que seus fragmentos atingissem áreas povoadas. “Felizmente, parece ter caído no meio do Oceano Índico, sem registros visuais”, conta.

Outro exemplo é o da sonda Kosmos 954, também da Rússia, que caiu no noroeste do Canadá carregando material radioativo. “A carga era potente o suficiente para matar uma pessoa”, diz, à CNN. O Canadá organizou expedições durante mais de um ano para localizar e recolher os restos, e posteriormente enviou a conta para o governo russo.

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