Até o momento, apenas 7% da safra foi colhida, número inferior à média de 10% para o mesmo período em anos anteriores.
O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, desempenha um papel central no mercado global, sendo responsável por cerca de 40% do comércio internacional da commodity.
Segundo a Hedgepoint, os estoques de café nos países consumidores estão em níveis reduzidos, já que as indústrias processadoras compraram apenas o necessário diante da alta nos preços.
Esse cenário, no entanto, não tem pressionado os produtores brasileiros a vender, justamente porque estão financeiramente estruturados para esperar por melhores oportunidades no mercado.
De acordo com a analista de café da Hedgepoint, Laleska Moda, alguns produtores podem estar postergando a colheita para dar mais tempo de maturação aos frutos.
“A capitalização atual permite que muitos agricultores aguardem antes de acelerar a colheita”, afirmou a especialista.
A colheita do café robusta já atingiu 11%, enquanto a do arábica está em apenas 4%, segundo o relatório.
Moda destacou que os produtores de robusta estão enfrentando maior concorrência no mercado externo, especialmente após uma boa safra na Indonésia. Por isso, há a tendência de que uma parcela maior da produção seja vendida ao mercado interno, principalmente para torrefadores que estão substituindo parte do arábica por robusta com o objetivo de reduzir os custos.
Com a oferta mais limitada de arábica, o preço desse tipo de grão subiu, o que ampliou ainda mais a diferença de valor entre arábica e robusta.
Essa diferença de preços vem incentivando o setor industrial brasileiro a utilizar mais o robusta, reforçando a presença do grão nas misturas e estratégias comerciais das torrefações.
O cenário atual revela um mercado em compasso de espera, com produtores apostando na valorização futura e consumidores lidando com estoques apertados e custos elevados.