O relatório de maio do USDA projetou uma safra norte-americana de soja em 4,340 bilhões de bushels (equivalente a 118,11 milhões de toneladas) para 2025/26, ligeiramente acima da expectativa do mercado, que era de 4,325 bilhões de bushels. A produtividade está estimada em 52,5 bushels por acre.
Os estoques finais foram revisados para 295 milhões de bushels (aproximadamente 8,03 milhões de toneladas), abaixo da projeção de mercado que apontava para 351 milhões de bushels. Para esta temporada, o USDA trabalha com um esmagamento previsto de 2,490 bilhões de bushels e exportações estimadas em 1,815 bilhão.
Para o ciclo 2024/25, o órgão norte-americano indica estoques de passagem de 350 milhões de bushels, exportações em 1,85 bilhão e esmagamento de 2,42 bilhões de bushels — números que ficaram levemente abaixo das expectativas do mercado.
No cenário mundial, a safra de soja para 2025/26 está estimada em 426,82 milhões de toneladas, enquanto a previsão para 2024/25 é de 420,87 milhões de toneladas. Os estoques finais globais para a próxima temporada foram ajustados para 124,33 milhões de toneladas, ligeiramente abaixo da expectativa de mercado de 125,3 milhões.
As projeções para o Brasil indicam uma produção de 175 milhões de toneladas em 2025/26, com a safra 2024/25 mantida em 169 milhões. Já a Argentina deve colher 48,5 milhões de toneladas em 2025/26, contra 49 milhões na temporada anterior.
Por fim, as importações chinesas estão estimadas em 112 milhões de toneladas para 2025/26 e 108 milhões para a temporada 2024/25.
O mercado reagiu positivamente ao acordo tarifário de 90 dias firmado entre Estados Unidos e China, que reduziu tarifas adicionais impostas no início de 2025. As tarifas norte-americanas sobre produtos chineses caíram de 145% para 30%, enquanto a China reduziu suas tarifas sobre importações dos EUA de 125% para 10%.
Segundo o analista Gabriel Viana, da consultoria Safras & Mercado, o impacto foi imediato, com forte alta dos contratos na Bolsa de Chicago, alcançando os melhores patamares dos últimos 10 meses.
Viana destaca que o acordo pode influenciar a decisão dos produtores americanos sobre a área plantada com soja em 2025, com possível menor redução do que o esperado inicialmente, já que o mercado agora sinaliza maior segurança para os agricultores.
No entanto, o consultor pondera que, se o acordo se mantiver até o fim da temporada, poderá haver impacto negativo nos prêmios do farelo e óleo de soja no Brasil, pois a demanda chinesa pode migrar de volta para os Estados Unidos no segundo semestre, reduzindo os preços brasileiros no curto e médio prazo.
Ainda assim, ele ressalta que o Brasil segue competitivo nas exportações e que só haverá maior clareza após a colheita norte-americana avançar nos meses de agosto e setembro. Caso a China não intensifique suas compras dos EUA, a busca pela soja sul-americana continuará firme.
Os contratos futuros do óleo de soja registraram forte volatilidade durante a semana, com ganhos expressivos no início e quedas significativas na quinta-feira (15). A principal causa foi a indefinição em torno da política de Renewable Volume Obligation (RVO), que determina as metas de mistura de biocombustíveis nos Estados Unidos.
Declarações recentes de um senador americano indicaram um possível adiamento na atualização das metas para 2026, contrariando expectativas de anúncio ainda em 2025. Essa notícia gerou pressão negativa no mercado, que vinha se mostrando otimista após a aprovação de um projeto de lei na Câmara.
Gabriel Viana alerta que, se o projeto for integralmente aprovado e o RVO atualizado ainda este ano, pode haver risco de escassez de óleos vegetais nos EUA — especialmente soja, milho e canola — devido à remoção de restrições e à extensão dos créditos fiscais até 2031, incluindo México e Canadá como parte do mercado comum.